A senadora Selma Arruda (PSL), que após a sua cassação no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Mato Grosso emitiu nota afirmando que está “tranquila” e que na semana passada ironizou os possíveis candidatos que se anunciam para uma provável eleição suplementar, voltou à carga contra a situação e, nas redes sociais, apoiou um boicote de votos caso sua cassação seja ratificada pelo Tribunal Superior Eleitoral.
A ex-juíza apoiou e divulgou um comentário de um seguidor que fala em não votar caso seja definida uma nova eleição. “Não irei mais votar para senador, nem eu nem meus pais. Aqui em casa foram cinco votos da senhora e não iremos mais votar se existir outra eleição”. A declaração ganhou um selo escrito “tamo junto” para reforçar o posicionamento da parlamentar.
No sábado, conforme Só Notícias já informou, Selma ironizou os pretensos candidatos ao seu cargo, que, porque cabe recurso, não está vago, criticou reportagens e mandou um recado aos opositores.
“A todo momento são publicadas na imprensa local notas ou matérias de pessoas que estão colocando o nome a disposição para ocupar o meu lugar no Senado, antes mesmo do processo terminar. Até candidato a deputado que não conseguiu nem ficar como suplente acha que pode tomar esse cargo eletivo, em que fui democraticamente eleita. Eu vou deixar um aviso curto aqui: falar é fácil, quero ver é conquistar os 678.542 votos que eu tive! O povo está comigo!”.
O pleno do TRE cassou Selma por unanimidade. O relator das ações, que também resultaram em sua inelegibilidade, Pedro Sakamoto, manifestou, em seu voto, que foram feitos pagamentos de despesas de campanha e não declarados na prestação de contas (reprovada, ano passado).
“É inegável pagamentos feitos apartados da prestação de contas” que totalizaram R$ 729 mil, decidiu o relator. “É possível constatar que parte dos serviços foi prestado fora do período eleitoral”. “Pude constatar que material de marketing típicos que, a rigor, só podiam ser realizados após a data da convenção partidária”.
Sakamoto constatou que houve caixa 2 na campanha de Selma de “R$ 1,23 milhão sem que tenha havido qualquer registro na contabilidade oficial de campanha”. Ele enumerou pagamentos feitos por Selma para funcionários, advogados e um contador e citou resolução do TSE que devem ser pagas com recursos da conta da campanha.
“Contudo não foi o que aconteceu. E as despesas à margem da campanha não param por aí”, constatou relator apontando que foi contratada empresa de pesquisa por R$ 60 mil, através de TED (R$ 24 mil cada) da conta pessoal de Selma. Outra empresa de pesquisa foi contratada por R$ 16,5 mil.
Selma obteve empréstimo de R$ 1,5 milhão feita pelo suplente Gilberto Possamai e os gastos feitos foram feitos sem respeitar as normas eleitorais e, dessa forma, ficou constatada a origem irregular da operação que só poderia só ser feita com instituição financeira e não empréstimo pessoal, “o que e é irregularidade grave”.
A senadora informou, após o julgamento, que está tranquila da decisão e vai recorrer. “Estou tranquila com a decisão proferida. A tranquilidade que tenho é com a consciência dos meus atos, a retidão que tive em toda a minha vida e que não seria diferente na minha campanha e trajetória política. Respeito a Justiça e, exatamente por esse motivo, vou recorrer às instâncias superiores, para provar a minha boa fé e garantir que os 678.542 votos que recebi da população mato-grossense sejam respeitados”.