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MPF Mato Grosso lamenta morte do missionário Thomaz de Aquino e destaca sua luta pelos índios

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Só Notícias (foto: Guilherme Cavalli/Cimi/arquivo)

O Ministério Público Federal em Mato Grosso manifestou, hoje, pesar pelo falecimento, na última sexta-feira (22), do missionário e indigenista Thomaz de Aquino Lisbôa, 82 anos, em uma aldeia em Brasnorte, em decorrência de uma pancreatite aguda. Também conhecido como Yauka (nome que lhe foi dado pelos Myky), “desde 1967 e até o fim de sua vida, dedicou-se ao trabalho com povos indígenas em Mato Grosso e no país. Trabalhava na defesa das culturas e pela garantia de direitos fundamentais como a terra, saúde e educação específicas. Sempre lutou pelo respeito à autonomia dos povos originários”.

“Em parceria com outros companheiros, como Egydio Schwade, Vicente Cañas, Adalberto Pereira e Antonio Iasi, foi um dos fundadores da Operação Amazônia Nativa (OPAN) e apoiou a fundação do Conselho Indigenista Missionário (CIMI). Lutou bravamente contra a doença para conseguir assistir a condenação de um dos mandantes do assassinato de seu companheiro Vicente Cañas (deixou o hospital para assistir o Júri em 2017) e para comemorar os 50 anos de fundação da OPAN, em fevereiro de 2019”, destaca o MPF.

Casado com Njakau Myky desde 1987, morava na aldeia deste povo, em Brasnorte. Deixa um casal de filhos, Tupy e Lemiu, e sete netos. “Yauka parte, a inspiração do seu trabalho fica!”, conclui a nota.

Thomaz de Aquino Lisbôa, que foi padre jesuíta, nascido no interior de São Paulo, partiu para Mato Grosso no início da década de 70. Juntamente com o grande amigo padre jesuíta Vicente Cañas (que também viveu com índios e foi assassinado a mando de um grupo de fazendeiros) participou de duas operações de contato com etnias até então isoladas, os myky e os enawenê-nawê. Por 50 anos teve vida religiosa e foi expoente na missão indígena em defendê-los. Decidiu abandonar a vida religiosa e casou-se com uma índia.

Eles e demais religiosos lutaram muito pela demarcação das áreas indígenas em Mato Grosso e demais Estados.

Em nota, o CIMI – Conselho Indiginesta Missionário – expressou que “Jaúka, como é chamado entre os Myky, povo que o adotou desde a década de 1970, foi um dos precursores do processo de “encarnação” do indigenismo, quando abandonando os internatos, os missionários e missionárias mergulharam na vida e dinâmica dos povos. Incansável defensor dos povos indígenas, Jaúka entregou sua vida na defesa dos direitos territoriais destes povos. Que a família de Jaúka sinta-se abraçada por todos e todas nós. Vá em paz Jaúka. Descanse seus joelhos cansados; celebre agora com seu grande amigo Vicente, com Dom Tomás, com Ezequiel, com Rodolfo, com Simão, com Ir. Cleuza e outras tantas e outros tantos a Páscoa dos que nos precederam no amor aos povos. Encosta teu remo, aporta tua canoa nas margens do Papagaio ou do Juruena; põe teu xirete, pinta-te com o jenipapo e com o urucum e te adorna com os colares e brincos de tucum. Agora é festa. Já não há mais dor. Só o colo divino e aconchegante, cheirando a beiju e fumaça, na Grande Casa do Pai”.

 

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