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Crianças com Síndrome de Down e a escola: estímulo é a palavra chave

Ivete Barros
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No dia 21 de março, celebramos o Dia Internacional da Síndrome de Down. Como educadora e psicopedagoga atuante, proponho aqui uma reflexão sobre a inserção de crianças com Síndrome de Down no sistema de educação formal.

É preciso primeiro entender que a Síndrome de Down não é uma doença. De acordo com o Ministério da Saúde, ela acontece quando uma pessoa nasce com um cromossomo a mais em cada célula do corpo e as pessoas com síndrome de Down, ao invés de duas cópias do cromossomo 21, têm 3.

Antigamente, se acreditava que as pessoas com Síndrome de Down nasciam com uma deficiência intelectual severa e incapacitante, mas hoje sabemos que o desenvolvimento adequado da criança depende, fundamentalmente, da estimulação precoce.

Nesse cenário, a inserção das crianças com Síndrome de Down em escolinhas é muito importante, estimulando desde bem pequenos o desenvolvimento psicoafetivo e o processo de socialização. Na minha vivência como professora, à frente do Educandário Jardim das Goiabeiras, pude perceber que são muitos os casos de evolução no quadro de alunos até mesmo com graus mais severos da síndrome de Down.

Avalio que o letramento – aprendizado que está associado às vivências cotidianas, como o nascer do sol, a noite e o dia – é mais importante que a alfabetização, por exemplo; e o letramento adequado é totalmente possível no caso de crianças com Síndrome de Down.

Com estímulo, técnicas corretas, acompanhamento, enriquecimento do ambiente no qual está inserido, incentivo e uma boa dose de carinho, todos são passíveis de desenvolvimento lógico e motor. E o convívio delas com outras crianças no ambiente escolar beneficia a todos.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) concluiu que crianças que estudaram com colegas com deficiência desenvolveram atitudes positivas relacionadas à tolerância, respeito ao outro e abertura ao diálogo em um grau muito maior do que as que conviveram em ambientes mais homogêneos.

Na função de psicopedagoga, também constato que o trabalho pedagógico, especialmente com crianças com Síndrome de Down, inclui a cooperação da família do aluno – importante e poderosa aliada da evolução motora e cognitiva.

Não podemos esquecer também que a educação pública já conta com o auxílio de Cuidadores de Alunos com Deficiência (CAD) e oferece benefícios aos estudantes com deficiência e às suas respectivas famílias. No entanto, é preciso ainda avançar na democratização do acesso a esse serviço e, sobretudo, torná-lo mais humanizado.

O fato é que as nossas crianças – todas elas especiais e cada uma com a sua singularidade – merecem o olhar atento  e cuidadoso nos espaços educacionais.

Ivete Barros é psicopedagoga e diretora do Educandário Jardim das Goiabeiras, em Cuiabá.

 

 

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