Este ano de 2018 foi desafiador. Um divisor de águas. Ano em que se encerrou um ciclo pernicioso dos governos petistas. Depois de 13 anos, os brasileiros – que já haviam ido para as ruas em 2013, com uma pauta mais extensa e difusa e voltaram dois anos depois para reivindicar o impeachment da então presidente Dilma Rousseff -, em outubro último deram um basta ao esquerdismo do PT e de seus ‘puxadinhos’.
Essa guinada da esquerda para a direita expôs uma ruptura do eleitorado com a política tradicional. O modelo político-partidário e o sistema de financiamento de campanhas se esgotaram.
E o PSDB, que combateu o PT diuturnamente e liderou o processo de impeachment, também sofreu as consequências desse processo. A bancada na Câmara foi reduzida, perdemos grandes quadros e elegemos menos governadores, embora em Estados importantes como São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.
A tradicional e duradoura polarização PT – PSDB não existe mais. E parte do eleitorado tucano migrou, no último pleito, para a candidatura que derrotou o PT. O fato é que o PSDB, apesar dessas perdas, ganhou uma oportunidade ímpar de se reconectar com a sociedade e de se situar nesse novo cenário político que emergiu das urnas.
Esse reposicionamento certamente será o centro das discussões no âmbito partidário nos próximos meses. E não há demérito algum na necessidade de ter de se reconfigurar em termos partidários. Só permanecem aqueles que têm a capacidade de se adaptar a novas conjunturas. E o PSDB sairá fortalecido desse processo.
Um ponto crucial nessa discussão é nunca nos esquecer quem somos: temos uma história de contribuição ao país, de responsabilidade e equilíbrio nas nossas ações, somos reconhecidos como o partido das reformas estruturantes, da eficiência administrativa e da preocupação com o social. E esse é um ativo valiosíssimo e deve orientar a decisão em relação à direção que o partido irá trilhar a partir de agora.
Com o novo governo, qual será a orientação do PSDB? Se for para a oposição, irá se unir ao PT, que sempre combateu. Se integrar a base governista, poderá não ser reconhecido pelo seu eleitorado. Assim, o caminho entre os dois extremos se mostra o mais viável a ser construído.
É claramente possível ajudar o novo governo a aprovar as medidas que são essenciais para o país sem aderir a sua base no Congresso ou ter cargos na Esplanada dos Ministérios.
E foi isto que ressaltamos ao próprio presidente eleito, Jair Bolsonaro, na reunião que tivemos no início de dezembro: o PSDB tem compromisso com as reformas e irá defendê-las, assim como todas as medidas que forem importantes para o país. E salientei também que o presidente eleito precisa aproveitar o ativo político e o apoio que obteve nas urnas para tirar as reformas do papel.
Sempre atuamos a favor do Brasil. E não será diferente agora. Muitos desafios deverão ser enfrentados e o serão com muita disposição e responsabilidade. A redução do tamanho da nossa bancada no Congresso certamente será superada pela intensidade e qualidade da atuação de cada um dos nossos parlamentares.
Como otimista que sou, sempre vejo o copo meio cheio. Para mim, foi um privilégio liderar a bancada na Câmara nesse momento que, quando olhado no futuro, terá sido decisivo para o PSDB se reconectar com a sociedade, se reposicionar junto ao cenário político e se fortalecer como uma alternativa viável de poder.
Nilson Leitão – líder do PSDB na Câmara dos Deputados