O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Antonio Galvan, o vice-presidente, Fernando Cadore, e o consultor técnico da associação, Wanderlei Dias Guerra, estiveram reunidos com três grandes empresas comerciais exportadoras, ontem. A associação solicitou que estes players atendam a legislação ambiental brasileira, que é a mais restritiva do mundo, uma vez que o produtor preserva de 35% a 80% de sua propriedade para cumpri-la, sem sequer ter algum auxílio para isso.
Hoje, o que tem sido levado em consideração pelas tradings, em regiões com o bioma amazônico, é um acordo chamado Moratória da Soja na Amazônia, que envolve as principais tradings e organizações não-governamentais (Ongs). A Aprosoja reafirma que esta moratória tem desrespeitado a legislação brasileira e causado enormes prejuízos à imagem dos produtores rurais.
“Mesmo aqueles que no passado ou recentemente abriram legalmente suas áreas ou até os produtores que utilizam pastagens degradadas para plantar soja dentro do bioma Amazônia – o que contribui para melhorar a produtividade dos rebanhos – têm sido severamente punidos, incluindo restrições em seus CPFs para outras áreas que estejam em seu nome, um completo absurdo”, afirmou Galvan.
O presidente da Aprosoja completou dizendo que “esta moratória, além de agir na ilegalidade, macula a imagem de nossos associados. É um movimento ideológico que na verdade tem servido para fazer restrições comerciais, um verdadeiro atentado à nossa soberania”.
O consultor técnico da Aprosoja, Wanderlei Dias Guerra, lembrou que a legislação ambiental brasileira é a mais restritiva do mundo e é preciso segui-la. “Para piorar a situação, já há um movimento para estender a moratória para o cerrado, o que definitivamente não iremos aceitar. Já atendemos a legislação mais restritiva do mundo, somos o país que mais conserva a biodiversidade no planeta e ainda nos querem impor mais restrições. Isto é inaceitável, um movimento lesa-pátria”, destacou.
Galvan reforça que no sistema feito atualmente quem tem perdido são os produtores rurais. “Por enquanto, o que pedimos é simples, o atendimento da legislação brasileira. Estamos trabalhando para o fim desta moratória que só serve para o interesse de Ongs, de alguns mercados que exigem e, além de não terem a décima parte de nossa conservação ambiental, alimentam um sistema de certificação onde somente os intermediários ganham e o produtor rural brasileiro fica com o enorme ônus da proteção das florestas”, disse.
O vice-presidente, Fernando Cadore, complementa que é preciso legitimar a produção nacional. “Nós da Aprosoja somos legalistas, não defendemos produtor que esteja na ilegalidade, apenas exigimos que prevaleça o que está na nossa legislação, nada além disso. Passou da hora do mundo enxergar a legitimidade da produção ambientalmente sustentável do Brasil”, enfatizou.
“O nosso programa Soja Plus se encarrega de ampliar nossa enorme sustentabilidade, continuamos a orientar nossos produtores para fazer o melhor, sempre dentro da legalidade”, finalizou Antonio Galvan.
Nos encontros ainda foram abordados outros dois temas que vêm sendo trabalhados internamente pela Aprosoja. Um é o novo modelo de classificação de grãos onde a soja seja remunerada pelos teores de proteína e óleo, outro é a construção da Ferrogrão, um projeto que a associação tem trabalhado para que os produtores sejam sócios do empreendimento junto com as tradings e outros parceiros privados.