Senador eleito com 483.511 votos, Jayme Campos (DEM) teceu duras críticas ao setor do agronegócio em Mato Grosso e defendeu a taxação aos produtores de soja, milho e algodão. Em entrevista ao programa “A Notícia de Frente”, da TV Vila Real, hoje de manhã, ele disse que o governador eleito Mauro Mendes (DEM), precisará ser “corajoso” para não se tornar refém dos “barões do agronegócio” e para cobrar impostos.
“99% da produção de soja eles alegam que vão para exportação, mas sabemos que boa parte disso fica no mercado interno. E não é só essa atividade, existem outras que fazem do mesmo jeito e não pagam quase nada”, disse Campos.
De acordo com ele, Mendes poderia seguir o exemplo de Mato Grosso do Sul e criar uma lei em que 35% do que é produzido pelo agronegócio seja comercializado internamente. “Assim eles pagarão normalmente os impostos como qualquer outra pessoa. Se fizer isso, nosso problema estará resolvido”, disse ao referir-se a busca de recursos novos para a saúde.
Jayme Campos questionou o fato do setor produtivo construir grandes riquezas e não contribuir com a arrecadação do Estado, por conta da Lei Kandir que isenta os produtos exportados. “E eu pergunto qual a participação desse setor na receita do Estado? Eles não pagam coisíssima alguma. E tem que cobrar, não tem muita saída para MT. No setor do algodão, a margem de lucro aqui é de R$ 15 mil por hectare de produção. Não pagam nada. A lei Kandir favorece o setor. Estão livres de pagarem ICMS, PIS, Confins. Sou favorável que paguem e se depender de Jayme Campos (DEM), serão taxados”.
Jayme também questionou o fato do setor produtivo jogar a responsabilidade da crise apenas nos servidores públicos. Segundo ele, o Estado precisa sim ser diminuído com cortes de cargos e redução de órgãos e secretarias. Para ele, além da reforma administrativa, será preciso arrecadar mais.
“Os barões e tubarões do agronegócio tem que pagar impostos sim. Caso contrário não tem saída e continuará essa tragédia financeira que Mato Grosso vive. E a tendência é piorar”.
Jayme também criticou os políticos que dizem que são “representantes do agronegócio”. Segundo ele, se criou uma “espécie de Apartheid” político. Ele voltou a repetir que será um senador independente e que não representará nenhum seguimento.
“Fiz minha campanha com recurso próprio, para não dizer que estava no bolso de qualquer pessoa ou seguimento.O agronegócio trabalhou bastante contra a minha candidatura. Muito e radicalmente contra. Mas é um direito deles. Acho que foi porque me posicionei que se seria um senador independente e de todos os mato-grossenses”, revelou.
Jayme Campos também criticou os interesses do megaprodutores do setor produtivo, que segundo ele, atrapalham o Estado. Para ele, A Ferrovia de Rondonópolis não chegou em Cuiabá por interferência desses produtores. “Tem um grupo de empresário aqui, um ou dois barões bacanas, que não querem que a Ferrovia chegue a Cuiabá. Sabe por que? Porque isso vai interferir nos negócios deles aqui. Não quer a Fico em Cuiabá”, finalizou.