Seja da nova ou da velha, não se faz política sem dinheiro. E isso o Renova BR, a Organização Não-Governamental formada por empresários, por ricos e por famosos, que patrocinou a formação de 150 lideranças para a disputa destas eleições já entendeu. O grupo, além de ter pagado uma bolsa de estudos para alguns dos ex-alunos, tem empresários que investem como pessoa física nas campanhas de políticos em potencial. Em Mato Grosso, dois candidatos disputam a Câmara Federal com o “selo de qualidade Renova BR”: o ex-secretário do governador Pedro Taques (PSDB), Marco Marrafon, e o empresário Júnior Macagnam Vitamina, ambos pelo PPS, mas só o primeiro recebeu dinheiro de investidores do porte de Abílio Diniz e de Luciano Huck, simpatizantes do movimento.
Enquanto Júnior Vitamina, como se apresenta na campanha eleitoral, declarou ter arrecadado pouco mais de R$ 60 mil para a campanha, sendo a maioria pequenas doações de amigos e familiares, Marrafon já soma R$ 985 mil para investir no pleito eleitoral. O maior doador de Marrafon é o PPS, partido presidido por ele, R$ 421 mil, ao passo que Vitamina recebeu R$ 7,2 mil do fundo partidário.
Depois, como maiores doadores de Marrafon aparecem o empresário Zeca Magalhães, da Tarpon, um fundo de investimento bilionário com sede em São Paulo, que doou R$ 200 mil, e Jean Marc Etlin, ex-presidente do Itaú e atual CVC Capital, com uma contribuição de R$ 75 mil.
O apresentador de TV Luciano Huck, o empresário Marcos Marinho Lutz (Cosan), e Roberto Lombardi de Barros (Prumo Logística, antiga LLX criada por Eike Baptista) aparecem no grupo que doou R$ 50 mil para a campanha de Marrafon. O grupo estrelado é fechado pelo empresário Abílio Diniz, com uma contribuição de R$ 25 mil.
A situação favorável para Marrafon não agrada a Júnior Vitamina, que não faz questão de esconder o descontentamento e acusa o companheiro de sigla de praticar a velha política. “Não dá mais para aturar essas campanhas milionárias para perpetuar esses caciques que estão aí. A campanha dele [Marrafon] é milionária. A gente esperava, pelo menos do fundo partidário, algo mais equilibrado, porque a distorção é gigantesca”, declarou Vitamina.
Vitamina se diz grato ao movimento por ter vivenciado experiências que o tornaram um candidato melhor e acredita que a ONG está fazendo apostas em candidatos que julga ter mais chance de vitória. “Também o Renova não é perfeito, mas podem estar errando nas apostas. Eles podem estar acreditando, mas errando. Enquanto isso, estamos fazendo a nossa campanha enxuta, na rua, realmente da nova política, feita por amigos, família, na sola de sapato e nas mídias sociais”, afirmou.
Marrafon explicou, ao Só Notícias, que o Renova BR é uma aceleradora de projetos políticos, que, nesta eleição, terminou com a qualificação das lideranças e que a Ong não investe nas campanhas. “Isso tem que ficar bem claro: o Renova BR não investe na campanha de ninguém. As pessoas físicas que se identificam com as ideias dos candidatos podem escolher e fazer as doações”, justificou.
Em relação à disparidade do fundo partidário, Marrafon disse que o valor é distribuído seguindo critérios objetivos do diretório nacional, entre eles o de favorecer quem já tem cargo eletivo ou quem já ocupou funções de ministro ou secretário de estado, que é o caso dele.