A escolha de um vice numa chapa majoritária é um jogo estratégico que passa pela popularidade, representatividade regional, setorial ou partidária e, em muitos casos, pela condição financeira. Em Mato Grosso os candidatos ao governo conseguiram unir em seus vices mais do que um atributo e agregaram positivamente aos seus palanques. O governador Pedro Taques (PSDB) escolheu como vice o médico veterinário Rui Prado, ex-presidente da Famato. Para isso ele abriu mão de integrar outro partido em sua coligação, já que Prado também é tucano, mas, por outro lado, atraiu a atenção do agronegócio, conseguiu abertura no interior e, de quebra, o vice traz uma fortuna pessoal de R$ 11 milhões declarados à Justiça Eleitoral.
De acordo com a declaração de bens feita ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Mauro Mendes informou patrimônio de R$ 113 milhões. Seu vice o produtor rural Otaviano Pivetta (PDT), ex-prefeito de Lucas do Rio Verde- que declarou R$ 379 milhões de patrimônio, sendo a maior fortuna desta campanha. Além da questão financeira, que não parecer ser a prioridade da coligação, a escolha por Pivetta permite a Mauro uma grande penetração no agronegócio e no interior, já que o pedetista é referência como administrador nas gestões como prefeito de Lucas do Rio Verde. Sem contar o apoio que trouxe do PDT.
Na coligação de Wellington Fagundes (PR), o patrimônio de R$ 424,5 mil da advogada Sirlei Theis não foi fator decisivo para sua escolha. Como Fagundes tem grande presença no interior, já que é de Rondonópolis e se destaca por ser um senador municipalista, a escolha da vice é para agregar votos na capital e para atrair o PV, que até a véspera das convenções estava fechado com o grupo de Mauro Mendes.
No Psol, que não se coligou com ninguém, a escolha do enfermeiro Vanderley Guia é ideológica. O candidato a vice declarou patrimônio de R$ 200 mil.
Os valores apresentados pelos candidatos podem não representar a realidade atual. A legislação permite que sejam registrados os valores venais dos imóveis avaliados na data da compra, sem a correção da valorização ao longo do tempo. A legislação também não pede uma descrição completa dos bens, por isso os candidatos fazem declarações como “outros” ou “cota de quinhão de capital”, sem mais detalhes.
De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal Regional Eleitoral de Mato Grosso, nos próximos dias o TSE deve pedir que os candidatos façam uma retificação dando detalhes dos seus bens, mas cabe aos políticos a boa fé de dizer a verdade, já que os dados não serão apurados sem que haja provocação à justiça eleitoral.