O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Eduardo Botelho (DEM), nomeou uma comissão interna para verificar os dois pedidos de abertura de CPI para apurar o caso conhecido com Grampolância Pantaneira, feitos pelo deputado Wilson Santos (PSDB) e pela deputada Janaína Riva (MDB) durantes as sessões de ontem. A comissão tem um prazo de 24 horas para entregar o relatório dizendo qual deputado tem direito à abertura da CPI, porém, não foi estipulado o prazo para o início dos trabalhos e o caso só deve voltar a ser discutido na próxima terça-feira, quando os deputados se reúnem para mais três sessões.
O impasse acontece porque Janaína reuniu dez assinaturas para pedir a abertura da CPI, mas antes de apresentar o requerimento, Wilson Santos foi à tribuna para também solicitar uma CPI para investigar os grampos ilegais. A diferença é que o tucano quer que as investigações comecem em 2011, período que atinge o ex-governador Silval Barbosa, e Janaína quer que a investigação comece em 2014, no período do governador Pedro Taques (PSDB).
Janaína ainda reclama que o pedido de Wilson Santos tinha apenas sete assinaturas, o que seria insuficiente para a abertura. “O objeto do meu requerimento é a Grampolândia Pantaneira e ouvir todos aqueles citados até agora. Nós queremos chegar a uma conclusão definitiva sobre a participação de todos os agentes citados, inclusive do governador Pedro Taques. O deputado Wilson Santos, numa manobra, e de maneira desrespeitosa para defender o seu patrão, o governador Pedro Taques, apresentou outro requerimento na mesma sessão, inclusive ainda sem assinaturas, para dizer que apresentou antes de mim e fazer valer o requerimento dele, com o foco desvirtuado”, queixou-se Janaína.
Hoje, pelas redes sociais, Janaína afirmou que até aceita que a CPI comece as investigações em 2011, mas não abre mão de que os trabalhos comecem antes do fim da campanha eleitoral, na qual Pedro Taques concorre à reeleição.
Diante do impasse, Botelho pediu o parecer técnico e afirmou que vai tomar a decisão na próxima terça-feira. “A deputada alega que o requerimento do deputado não tinha número suficiente de assinaturas. Não chequei e decidi nomear uma comissão, com o procurador, o consultor e mais uma pessoa, para fazer um levantamento. Se for o caso, ver todas as sessões, tudo foi gravado, e apresentar um parecer para a Mesa de quem é o direito da CPI. Se da Janaina ou do Wilson”, explicou Botelho.
A Grampolândia Pantaneira é caso de um esquema de escutas ilegais supostamente executados pela polícia militar, no governo de Taques, para ouvir e gravar políticos, juízes, jornalistas e empresários.