Os preços da soja no mercado brasileiro voltaram a subir nesta quinta-feira (19), pegando carona nos leves ganhos registrados na Bolsa de Chicago, no câmbio e nos prêmios altos. Os avanços chegaram a bater nos 3,45%, como foi o caso de Castro/PR, onde o último indicativo foi de R$ 90,00 por saca.
Nos portos, as referências subiram em Rio Grande. A soja disponível foi a R$ 88,60, com alta de 1,49%, e para agosto a R$ 89,50, subindo 1,70%. Em Paranaguá e Santos, estabilidade no spot em, respectivamente, R$ 91,00 e R$ 90,00 por saca e, no terminal paranaense, o preço para março/19 ficou em R$ 82,00.
“Trata-se de um reflexo de prêmios altos – embora tenham caído alguns pontos nos últimos dias – as últimas altas na CBOT e do câmbio oscilando com momentos melhores. Além disso, parece que os fretes vão se definindo em um patamar mais alto, mas pararam de subir. No Paraná, o ajuste na maioria das regiões já está mais ou menos definido”, explica Camilo Motter, economista e analista de mercado da Granoeste Corretora de Cereais.
O dólar, nesta quinta-feira, fechou estável, após subir mais de 1% ao longo do dia e chegou a testar os R$ 3,90. No fechamento, a divisa ficou com uma alta de 0,09% e valendoR$ 3,8448. A cena eleitoral brasileira começa a ganhar mais espaço no radar dos investidores.
“O apoio do centrão em síntese dá força para o Alckmin, embora seja preciso ver o quanto isso vai se refletir nas pesquisas”, afirmou o operador de câmbio da corretora H.Commcor Cleber Alessie Machado à Reuters. “Alckmin é o que mais agrada ao mercado dentre as escolhas que temos”, acrescentou.
Nessa conjuntura, o ritmo dos negócios da safra 2017/18 também melhorou no Brasil, mas não tem força ainda para voltar a seu ritmo normal para esse período do ano. Ainda segundo Motter, a safra nova segue com a comercialização travada.
“Isso por conta da insegurança quanto aos custos da nova safra e, principalmente, a grande diferença de preêios entre safra velha e nova”, diz o analista.
Além disso, há ainda uma retração do produtor neste momento diante de uma demanda muito intensa pela soja brasileira. “Continua a guerra Brasil x China e há muita gente buscando a soja brasileira. Com isso, no Brasil, o produtor mais capitalizado está segurando a soja”, explica Vitor Marasca Junior, diretor da Marasca Incorporações Imobiliárias Comércio e Exportação Ltda.
Mercado Internacional
No mercado de Chicago, os futuros da soja fecharam com ligeiras altas de 3,75 a 4 pontos nos principais contratos, e o novembro/18 – que é o mais negociado neste momento – valendo US$ 8,61 por bushel.
Os preços tiveram mais um dia de mercado técnico diante da falta de novidades que possa aquecer o andamento dos negócios. Há pouca ou nenhuma nova notícia em relação à guerra comercial entre China e Estados Unidos e o clima no Corn Belt não traz ameaças à nova safra americana.
“Traders cautelosos com o fator clima, porque apesar do momento quente e seco, há previsão de chuvas generalizadas no Centro-Oeste americano em 5 dias”, explica Steve Cachia, diretor da Cerealpar e consultor do Kordin Grain Terminal, de Malta. “A guerra comercial EUA/China provocou cancelamentos de compras de soja americana pela China, mas países como Egito, Paquistão, México e Bangladesh já compraram volume mais que o dobro quando comparado ao ano passado”, complementa o executivo.
De acordo com números trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta quinta, na semana encerrada em 12 de julho, os EUA venderam 252,3 mil toneladas de soja da safra velha, contra expectativas que variavam de 200 mil a 500 mil toneladas. A maior compradora, mais uma vez, foi a Holanda. No acumulado da temporada, os americanos já têm 57.702,9 milhões de toneladas da oleaginosa comprometidas, enquanto no ano passado eram mais de 60 milhões. A estimativa total do USDA é de que as vendas totalizem 56,75 milhões de toneladas.
Da safra nova, as vendas americanas totalizaram 613,4 mil toneladas, e o principal comprador foram destinos não revelados. O intervalo esperado, nesse caso, era de 100 mil a 500 mil toneladas. A Argentina respondeu pela compra de 120 mil toneladas.