Os preços da soja fecharam a sessão desta quinta-feira (5) em baixa mais uma vez na Bolsa de Chicago. Os futuros da oleaginosa acumulam pregões consecutivos de quedas ainda refletindo as preocupações com a guerra comercial entre China e Estados Unidos, o que tem se mostrado o fator principal para a formação das cotações nos últimos meses.
Com isso, as cotações terminaram o dia, após iniciarem os trabalhos pós feriado atuando com estabilidade, com perdas de pouco mais de 8 pontos nos principais contratos, o que levou os dois primeiros – julho e agosto – a fecharem abaixo dos US$ 8,40 por bushel.
Um acordo entre as duas nações ainda se mostra bastante distante. Para alguns analistas, um acordo efetivo só seria possível com um encontro pessoal entre Trump e Xi Jinping. Enquanto isso não acontece, o governo chinês tem trabalhado para encontrar e efetivar alternativas para o gap que a soja norte-americana deverá deixar na necessidade chinesa.
Informações apuradas pela consultoria internacional AgResource Mercosul (ARC) mostraram que o governo da China se reuniu, nos últimos dias, com as maiores esmagadoras do país para alertá-las sobre a possibiilidade de uma redução de suas importações de soja em grão na casa de 15% a 20% no próximo ano comercial, o que daria cerca de 15 a 20 milhões de toneladas a menos, se confirmado esse intervalo.
“O plano chinês fala em, parcialmente, um corte no uso do farelo de soja, optando por utilizar mais milho e trigo na formulação da ração animal. Se o corte for efetivado, a China pode conseguir sim evitar de comprar soja dos EUA, mas temos que lembrar que a América do Sul hoje não tem condições para suprir toda a demanda chinesa pela oleaginosa”, explica Matheus Pereira, analista de mercado da ARC.
Ademais, os outros fatores de pressão sobre as cotações da soja continuam sendo a falta de uma ameaça climática severa à nova safra norte-americana, embora algumas regiões exijam um pouco mais de atenção neste momento, e a aversão ao risco por parte dos investidores, ainda em função da questão China x EUA.
No último reporte de acompanhamento de safras do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o índice de campos em boas ou excelentes condições caiu de 73% para 71% em uma semana.
Preços no Brasil
No Brasil, o dólar mais uma vez foi, ao lado dos prêmios de mais de 200 pontos nos portos, um dos principais combustíveis para novas altas dos preços da soja. A moeda americana, nesta quinta-feira, fechou com alta de 0,55% e valendo R$ 3,9344, maior patamar desde 1º de março de 2016.
“O Fed colocou que os riscos se intensificaram para a economia dos EUA mas, em princípio, continuará subindo os juros”, afirmou o diretor da consultoria Wagner Investimentos, José Faria Júnior à Reuters, explicando essa nova alta da divisa, entre outros fatores que também estimularam esse movimento.
Em cerca de 10 dias, segundo explicou o consultor em agronegócios Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios, os prêmios para a soja subiram perto de 100 pontos e, junto do câmbio, ajudou a estimular não só um avanço dos preços, mas também uma melhora no fluxo de negócios no país.
Com isso, a soja disponível voltou aos R$ 89,50 por saca no porto de Paranaguá, registrando um ganho de 0,56% nesta quinta, enquanto a referência março/19 foi a R$ 90,00, subindo 11%. Em Rio Grande, R$ 87,50 no disponível e R$ 88,50 no agosto/18, com altas de 1,74% e 1,14%, respectivamente.
No interior do Brasil, os ganhos chegaram a superar os 5% em algumas das praças de comercialização pesquisadas pelo Notícias Agrícolas. Os principais indicativos se mostram entre R$ 64,00 e R$ 85,00 por saca.