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Um novo ciclo econômico para Mato Grosso

Marino Franz e Egídio Vuaden
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Mato Grosso está ingressando em um novo cenário de desenvolvimento a partir da transformação do milho em etanol e seus coprodutos, a partir de usinas que empregam alta tecnologia em um processo sustentável e sem geração de poluentes. Considerado até então apenas safrinha, o milho está se transformando no negócio de importância igual ou maior do que o complexo soja.

O processo de industrialização produz etanol, DDGS (Dried Distillers Grains with Solubles) e energia, triplicando o valor do milho. Com uma produção anual de 28 milhões de toneladas e um consumo de apenas 20% desse total, para atender grandes projetos de suinocultura, avicultura e confinamento bovino, o estado em breve estará produzindo 50 milhões de toneladas.

É importante salientar que o mercado nacional de etanol também está em franca expansão. O RenovaBio do governo federal prevê aumentar a produção dos atuais 28 bilhões de litros para 56 bilhões de litros até 2030. Para isso seria necessário industrializar 62 milhões de toneladas de milho em etanol; e a cana-de-açúcar tende a ceder espaço para o milho nesse novo modelo.

O mercado mundial está ávido por biocombustíveis para cumprir metas do Acordo de Paris e diminuir o uso de combustíveis fósseis não-renováveis e altamente poluentes. As usinas de etanol viabilizam o plantio de florestas, especialmente de eucalipto em solos arenosos, que são inviáveis para produção de grãos. Cada tonelada de milho demanda 800 kg de cavaco de lenha para geração de energia e secagem do DDGS.

Somente as usinas da FS Bioenergia de Lucas do Rio Verde e Sorriso vão demandar cerca de 30 mil hectares de floresta de eucalipto. É mais uma atividade econômica surgindo para os agricultores dentro da sua propriedade. Essas florestas bem implantadas e conduzidas serão matéria-prima para futuras termoelétricas (2,5 mil ha de eucalipto atendem uma termelétrica de 10 megawatts) e viabilizarão o surgimento da indústria de celulose.

A grande produção de etanol vai viabilizar ainda a fabricação de plástico biodegradável e a oferta muito DDGS para fábricas de ração, barateando o custo da produção de suínos, aves, peixes e, principalmente, de gado. O boi vai entrar nas áreas de lavoura em confinamento ou sistema agropastoril de produção. Novas plantas frigoríficas surgirão para processar essa carne de qualidade.

Para ampliar a produção de milho e eucalipto para biomassa, novas empresas de biotecnologia se instalarão na região. Apesar da produção intensiva e confinada de animais para produção de carne e ovos gerar um grande volume de dejetos, isso não será um problema para Mato Grosso. O estado possui grandes áreas de lavoura e em um futuro próximo terá pastagens e florestas aptas a receber adubação orgânica o ano inteiro, diminuindo a necessidade de adubação química e conferindo equilíbrio biológico aos nossos solos agrícolas tropicais.

A biomassa é uma fonte de energia renovável em que vegetais (milho, eucalipto) aproveitam a grande insolação e água da chuva para acumular energia e sequestrar carbono da atmosfera, liberando oxigênio. Nas usinas de etanol, a biomassa se transforma em energia elétrica e combustível líquido, completando um ciclo energético ambientalmente sustentável. 

Durante uma época em que as boas notícias estão ausentes no Brasil, surge essa revolução silenciosa de grande sustentabilidade ambiental, econômica e social gerando milhares de empregos e oportunidade de novos negócios. Tudo resultado da iniciativa privada.

Como grande beneficiário, já que a arrecadação de tributos irá aumentar, cabe ao governo regulamentação e segurança jurídica para o ingresso de capital estrangeiro estratégico. Também se espera da gestão pública a implantação de uma política tributária justa e com incentivos fiscais transparentes e duradouros.

Marino Franz é sócio fundador da FS Bioenergia e Presidente de Fundação de Pesquisa Rio Verde; e Egídio Vuaden é engenheiro agrônomo e fundador a Fundação de Pesquisa Rio Verde.

 

 

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