Mirieli Estaili conquistou a medalha de prata ao saltar 13,81 metros, no Mundial de Atletismo Sub-20 de Tampere, na Finlândia, neste domingo. A atleta chegou ao campeonato como a mais bem rankeada entre os 20 brasileiros convocados. Quinta do mundo no salto triplo, a jovem, de 19 anos, é a segunda do país e a 14ª da história do atletismo brasileiro no Mundial Sub-20. A medalha de ouro ficou com a búlgara Aleksandra Nacheva, que marcou 14,18m. Já a cubana Davisleydi Velazco ficou com a medalha de bronze, com 13,78 m.
“Não sei nem dizer o que estou sentindo. Não dá para explicar. Estou muito feliz, quando dei o quinto salto tinha certeza da medalha. Nossa. Só digo que estou muito feliz, acho que a ficha vai cair mais tarde”, disse a atleta, por meio da assessoria.
Há 16 anos, o Brasil não conquistava uma medalha no salto triplo feminino do Mundial Sub-20. A última vez foi com Keila Costa, bronze em 2002 com 13,70m. Até hoje, o país só tinha conseguido uma única prata no campeonato, com Vanda Ferreira Gomes nos 200m, em 2006. Agora, o Brasil soma 3 ouros, 2 pratas e 9 bronzes na história do Mundial Sub-20, incluindo o bronze de Alison Brendom conquistado no sábado, nos 400m com barreiras.
Nascida no Pará, Mirieli Estaili descobriu o atletismo aos 8 anos no projeto "Sementes de Ouro” com crianças de 10 a 17 anos na Associação Sorrisense de Atletismo. Aos 12 anos, ela passou a ser treinada por Marcos Vieira. Em 2014, sofreu uma queda na caixa de areia e rompeu os ligamentos do joelho e lesionou o menisco. Ficou um ano e meio afastada do esporte. Mas voltou a treinar e conseguiu ser top 5 do mundo na categoria.
Por pouco Mirieli não ficou de fora da competição na Finlândia. No final de abril, ela sofreu uma lesão muscular na coxa durante o Campeonato Brasileiro Sub-23 em Porto Alegre, e precisou ficar 40 dias parada. Voltou a treinar num ritmo mais leve, mas foi poupada de disputar o Campeonato Brasileiro Sub-20 em Bragança Paulista (SP), no mês de Junho, última classificatória nacional para o Mundial de Tampere, justamente porque já tinha alcançado o índice.
“Eu vim aqui com o sonho de subir no pódio, minha semifinal foi incrível, não esperava fazer recorde pessoal na semifinal, entrei muito focada na final, entrei com a segunda marca, durante a competição caí para sexto lugar, mas em nenhum momento eu deixei de acreditar. Trouxe aquela força lá de dentro e falei, vou ter que fazer um salto bom aqui, consegui fazer a marca que eu queria, que era 13,80 e ainda fiz 13,81m. Levei a prata. Passa um filme enorme, fiquei muito contente mesmo, em abril foi a última vez que fiz salto triplo com corrida completa, falei para o meu treinador que estava confiante de subir no pódio”.
Segundo Marcos Vieira, a determinação em se recuperar para fazer bonito na Finlândia foi fundamental para que ela chegasse tão confiante. “Ela queria muito isso e treinamos muito para estar aqui. Não temos as melhores estruturas, mas temos uma raça e um amor imensos pelo que estamos fazendo e principalmente por representar nosso país e as milhares de crianças que treinam diariamente em Sorriso em nosso projeto”.