O desembargador Luiz Ferreira da Silva, do Tribunal de Justiça, negou o pedido de liberdade feito pelo caminhoneiro suspeito de assassinar Adriana Gonçalves Ferreira, 36 anos, e a mãe dela, Cleide Camporezi Ferreira, 61 anos. O crime ocorreu em julho de 2016, em Tabaporã (197 quilômetros de Sinop).
A defesa alegou “constrangimento ilegal” por excesso de prazo para a formação de culpa. Isso porque o réu, que responde por homicídio qualificado, está preso há quase dois anos, sem que tenha sido finalizada a instrução processual.
Para o desembargador, entretanto, a concessão do habeas corpus “exige que o direito do acusado transpareça límpido e despido de qualquer incerteza, o que, como visto, não é o caso em apreciação, isso sem contar as assertórias supramencionadas se confundem com o próprio mérito desta ação constitucional, razão pela qual, o exame dos argumentos sustentados na prefacial, neste momento, configurará medida desaconselhada”.
Luiz Ferreira determinou a expedição de ofício à comarca de Tabaporã para que, em cinco dias, apresente relatório objetivo da ação penal, “demonstrando, com base em dados concretos, os motivos da prisão do paciente e os fundamentos da decisão atacada. O magistrado também pediu para a Procuradoria-Geral de Justiça se pronunciar sobre o pedido de soltura.
Conforme Só Notícias já informou, o laudo assinado por dois profissionais contratados pelo Estado apontou que o caminhoneiro não tinha problemas psiquiátricos na época do crime. O incidente de insanidade mental foi instaurado a pedido da defesa.
Um laudo feito pela Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) chegou a apontar que o acusado é portador de esquizofrenia. Porém, o Ministério Público Estadual (MPE) pediu a não homologação do exame, justificando que o resultado se pautou apenas nos relatos do suspeito e seu pai, “os quais são diretamente interessados no reconhecimento de insanidade mental”. O parecer foi acatado pela Justiça, que determinou a realização de um novo laudo.
O duplo homicídio ocorreu em uma residência localizada na rua Oscar Kunio Kawakami, no centro de Tabaporã. Uma fonte da Polícia Militar informou, ao Só Notícias, que as vítimas foram atingidas por várias facadas, não resistiram aos ferimentos e faleceram no local.
Elas foram encontradas mortas por um parente, que acionou a PM. Após conversar com familiares das mulheres, os militares se deslocaram até a residência do ex-namorado de Adriana, na rua Ari Zendron, uma vez que ele havia sido apontado como possível suspeito. No local, os policiais encontraram o acusado, com as mãos ensanguentadas e o prenderam.
Segundo a PM, o homem estava “transtornado” e confessou o crime, sem dar muitos detalhes sobre a motivação. Em uma das versões contadas, ele afirmou apenas que discutiu com Adriana e a esfaqueou. Cleide teria “entrado na briga” e acabou atingida por golpes de faca também. O acusado foi conduzido para o presídio de Porto dos Gaúchos (248 quilômetros de Sinop).
As vítimas eram moradoras de Tabaporã. Segundo informações repassadas à PM, Adriana trabalhava como recepcionista no Fórum do município. Cleide, por outro lado, era aposentada.