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Fátima Bernardes: “continuo bem mãezona”

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Fátima Bernardes falou sobre a carreira e a vida pessoal durante uma entrevista coletiva nos Estados Unidos, onde recebeu um prêmio pela trajetória profssional. A jornalista falou sobre o fato de passar o Dia das Mães longe dos filhos trigêmeos Laura, Beatriz e Vinícius. “Quando viajo, o que eu mais sinto falta é dos meus filhos. Não passei o Dia das Mães com eles porque não consegui voo para domingo e deixamos a comemoração para segunda. Toda segunda à noite, jantamos juntos”, afirmou a apresentadora. “Durante muito tempo, me dediquei muito aos meninos. Deixei de viajar durante quase cinco anos. Priorizei estar com eles. Continuo bem mãezona, pergunto se levou o casaco, se comeu direito.”

APOSENTADORIA DO BOB ESPONJA

Uma das perguntas que despertou risadas da apresentadora foi: “Como a Fátima dorme à noite sabendo que tirou a TV Globinho do ar?”. Sem perder o bom humor, ela respondeu: “Morro de pena do Bob Esponja, que dó! Mas a aposentadoria chega pra todo mundo, não é? Quando eu sugeri o horário do meu programa à TV Globo, fiz uma análise das manhãs da Globo. A programação tinha telejornais, Mais Você, Bem Estar, que são programas para adultos… Onde estavam as crianças até essa hora? Não estavam ali, né? A programação infantil — com a TV paga e os gadgets — foi ficando muito enfraquecida e eu achava que havia um buraco ali. Mas hoje eu juro que penso em vocês [crianças]. Juro que eu penso em pautas quando é feriadão ou um dia diferente que eu sei que vocês podem estar em casa. Meu público abaixo de 15 anos cresceu muito. Não era parada [por crianças] quando fazia o Jornal Nacional, andava tranquilamente. Hoje em dia, sou seguida por crianças, por adolescentes. Notei um crescimento maior do público mais jovem. Acho que o povo está se acostumando com a TV Globinho aposentada.”

ENCONTRO

“Sou virginiana. Achei que poderia demorar mais [para emplacar o programa Encontro]. Não estava satisfeita logo no início com o meu rendimento. Não poderia voltar para o Jornal Nacional, também acho que não voltaria para o Fantástico. Vale dizer que não tive nenhum tipo de pressão [da diretoria da emissora]. Uma palavra que ouvia muito era perseverança”, afirmou. Questionada por referências, ela afirmou buscar um ineditismo. “Quando eu estava para estrear, diziam ‘vem aí a Oprah brasileira’. Não sou humorista como a Ellen, não tenho a história da Oprah… No Brasil, temos um idolatria muito grande por quem aparece na televisão. Quis desmitificar isso. Busquei um formato que não existe. Coloquei lado a lado, no sofá, um ator e uma pessoa não-famosa com uma história interessante a contar, de acordo com o tema do programa.”

JORNALISMO

“Fazer o programa da morte do Ayrton Senna foi o mais difícil que eu já fiz. [A morte dele foi um fato] Inesperado, aos 34 anos, ídolo nacional como eu talvez nunca tinha visto. Apresentava o Fantástico, um programa de duas horas que estava pronto e se modificou por completo na hora da corrida. É triste e, ao mesmo tempo, você tem que ser profissional e fazer aquele programa ir ao ar. Na hora da apresentação, a maior dificuldade era que você não pode parecer mais emocionada quen uma pessoa da família, nem fria porque o país não estava assim. O equilíbrio para não chorar e estar emocionada é o mais difícil.”

TROCA DE EMISSORA

Questionada se trocaria de emissora, caso recebesse uma proposta de voltar ao telejornalismo, Fátima descartou a possibilidade. “Em nenhum momento [cogitei a essa chance]. Já era editora executiva, que é o segundo posto do telejornal. O William [Bonner] chefiava e eu era editora executiva. Tinha muito prazer em fazer isso, mas não tenho saudosismo. Acho que cumpri minha missão bravamente. Não tenho saudade. Se viesse qualquer proposta, por nenhum dinheiro que viesse junto. Para quem faz televisão, é o posto sonhado por muitos [estar no Jornal Nacional].”

INFLUÊNCIA

“Dá um medão [perceber esse poder de influência]. Tenho essa percepção cada vez mais. A vida foi me levando cada vez mais perto do público. Minha vida pessoal acabou se misturando muito. Muitas vezes, as mulheres me dizem que não veem a luz no fim do túnel, mas eu acredito que ela exista porque, para você, ela apareceu. Sinto um peso maior ao escutar isso. Existe um olhar maior, como se eu fosse uma referência, mas ao mesmo tempo é gratificante.”

(Revista Quem/Globo)

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