Quem se lembra das atuações de Portugal na campanha vitoriosa da Eurocopa de 2016 se identificou bastante com o nível de atuação e a proposta de jogo do time de Fernando Santos nesta quarta-feira, no Estádio Luzhniki. Com um Cristiano Ronaldo decisivo, um sistema defensivo sólido, uma pressão excessiva do adversário e uma atuação brilhante de Rui Patrício, a seleção lusa venceu Marrocos por 1 a 0 e findou as chances de classificação dos africanos
Nos primeiros 45 minutos ficou evidente a dependência, ao menos nessa partida, de Cristiano Ronaldo para sua seleção. Aos quatro minutos, o camisa sete e capitão se desvencilhou do defensor na cobrança de escanteio e testou sozinho, firme, para o fundo da rede, abrindo o placar. Mesmo atrás, Marrocos não se abateu e dominou não apenas de bola, mas as chances. Porém, foram os lusos os donos das mais perigosas, todas com participação efetiva de CR7, ou servindo os companheiros ou arrematando.
O cenário da etapa inicial foi refletido em partes no segundo tempo, mas com uma pressão menos intensa e mais esparsa da seleção marroquina no início. Ao mesmo tempo, brilhou a estrela de Rui Patrício, que evitou um resultado negativo de Portugal com ao menos duas defesas espetaculares, uma delas em uma cabeçada com endereço certo. Na reta final, a partida se tornou de um ataque contra defesa, na qual o “ferrolho” luso se sobressaiu para sair vitorioso.
Com o triunfo, Portugal depende apenas de si para se garantir entre as 16 melhores seleções da Copa do Mundo. Na última rodada, marcada para a próxima segunda-feira (25), Cristiano Ronaldo e companhia viajam até Saransk para medir forças contra o Irã, que venceu na estreia. Já Marrocos teve findada suas chances de classificação com o revés. Na última rodada, para fechar sua participação em solo russo, enfrenta a Espanha em Kaliningrado.
Os dois minutos iniciais deram mostras evidentes de que Marrocos não enfrentaria a seleção atual campeã da Eurocopa para se defender. Com a bola no pé, chegou ao gol de Rui Patrício na primeira chance do jogo, mas Boutaib testou para fora.
Coube a Cristiano Ronaldo a missão de ensinar à risca como se posiciona e cabeceia dentro da área. Aos quatro minutos, o craque e capitão português, primeiro, mostrou habilidade para se desvencilhar da marcação. Depois, mostrou sua eficiência característica para, livre, completar a cobrança de escanteio de Cedric para o fundo da rede, abrir o placar e se isolar na artilharia da Copa com quatro gols.
Mesmo atrás no placar, Marrocos não se abateu e dominou os lusos
Quem pensava que o gol no início tornaria fácil a vida da seleção lusa se enganou completamente. Marrocos não se abateu com a desvantagem e continuou com sua proposta de ter a bola, controlar o jogo e tirar os espaços da saída de bola de Portugal, que se via obrigado a utilizar da ligação direta e, com isso, conter a participação de Cristiano Ronaldo.
Porém, parar o atual melhor jogador do mundo é, por vezes, uma missão difícil. Aos oito, o camisa sete recebeu na entrada da área, girou sobre a marcação e engatilhou um arremate com muito perigo, que passou rente à trave marroquina.
Salva essa chance, voltemos ao domínio de Marrocos, que aos 11 minutos obrigou a primeira intervenção de Rui Patrício. Benatia completou o cruzamento para área com um cabeceio preciso, rasteiro, mas defendido pelo arqueiro português. Na sequência, a pressão ainda contou com chutes interceptados pela defesa lusa, uma tentativa de Ziyech sem sucesso e levantamentos para área.
Cada vez mais acuado, Portugal se viu obrigado a contar com o talento de sua principal estrela para tirar o time do “buraco”. Primeiro em uma cobrança de falta na barreira, Cristiano Ronaldo voltou colocar sua equipe perto do gol adversário. No lance seguinte, deu um lindo passe para Gonçalo Guedes, que na entrada da área emendou de primeira para uma defesa linda de El Kajoui com apenas uma das mãos.
O equilíbrio que Portugal impôs na reta final do primeiro tempo foi refletida nos minutos iniciais da segunda etapa. Os dois times voltaram do intervalo com a intenção de ter a bola e a partir da posse construir boas jogadas. Mas foi marrocos que converteu tudo isso em chances reais.
A partir dos 10 minutos teve início o monólogo de Rui Patrício contra os adversários. Primeiro, o goleiro segurou o chute firme de Belhanda. No lance seguinte, novamente o atacante e o arqueiro se colocaram frente a frente. O Marroquino subiu mais que a defesa portuguesa e testou no cantinho, para o chão, mas o camisa um foi buscar em uma defesa digna de Gordon Banks.
A partir dos 20 minutos, o jogo se tornou o típico ataque contra defesa. Enquanto Marrocos tinha a bola e dominava, criando boas chances e parando na má pontaria, Portugal nada conseguia fazer e contava apenas com lampejos individuais de Cristiano Ronaldo. Em um desses, teve tudo para ampliar a vantagem, mas sua cobrança de falta parou na barreira.
A ineficiência ofensiva de Marrocos ficou comprovada nas duas últimas chances criadas na partida. Ziyech fez tudo certo, testou para o gol, mas teve o corte de Pepe no meio do caminho. No último lance de mais perigo, Benatia ficou livre na área, mas isolou.