A promotora de justiça, Maysa Fidélis, disse, em entrevista coletiva, que foi negado pedido de desaforamento feito pela defesa de Walas Negrete dos Santos, 28 anos, para que ele não seja submetido a júri popular em Sorriso. A justiça marcou para a próxima segunda-feira o julgamento dele. “Trata-se de um pedido para retirar o júri daqui de Sorriso, porém esse pedido foi negado liminarmente. O motivo é que a vítima ocupava um cargo público, era vereador à época dos fatos. Então, na visão da defesa, isso seria motivo de criar parcialidade dos jurados e o Ministério Público não concorda com isso, pois não é um motivo relevante para retirar o processo de Sorriso”. Não foi informado para qual município a defesa quer que o juri seja transferido.
Walas deve ser julgado por sete jurados que residem em Sorriso. Ainda de acordo com a promotora, o réu responderá por homicídio duplamente qualificado.
Laudos técnicos e testemunhas basearam a promotora a fazer a acusação, porém, Maysa afirma que tem encontrado dificuldade em contatar pessoas que possuem informações sobre o crime, visto que o homicídio aconteceu há mais de seis anos. “O atraso em julgar foi causado pelo próprio réu, que fugiu daqui. Os trâmites estavam dentro dos prazos legais e ele que deu causa a todo esse lapso temporal. Hoje nós estamos enfrentando dificuldades em trazer duas testemunhas para Sorriso, pois elas se mudaram da cidade, então são testemunhas que entendemos ser essenciais para a elucidação do crime perante os jurados”.
O julgamento está marcado para segunda-feira, às 8h30. A previsão da promotoria é que termine até às 18h. “Não será muito longo, pois não existe muitas testemunhas a serem ouvidas e as provas estão bem fundamentadas nos autos”.
Negrete foi preso pela Polícia Civil no município de Itaúba (100 quilômetros de Sinop), em 2016. Ele estava com um mandado de prisão expedido pela comarca de Sorriso. Na época, Walas confessou que estava com Elias e ambos teriam bebido. "Fiquei bêbado, nós discutimos, passei a mão na faca e esfaqueei o coitado. Me arrependo disso e quero pedir desculpas para os familiares. O que fiz é uma barbaridade", disse. Ele declarou também que não se recordava o motivo da discussão. "Nunca fui agressivo e não tive problemas com a polícia", acrescentou.
Walas também declarou que teve relacionamento com o vereador, "mas foi pouco tempo". Ele garantiu que não houve mandante do crime. "Fui eu que fiz. Estava sozinho. Nós discutimos, eu estava bêbado, eu peguei a faca em cima do balcãozinho e comecei a esfaquear", concluiu.
O corpo do vereador foi encontrado no portão de sua residência, localizada na rua Santa Carmem, no bairro Taiamã. A Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) apontou que foram constatados ao menos 14 golpes de faca. Uma vizinha contou aos policiais que, por volta das 2h da madrugada, ouviu gritos na residência. Logo em seguida, Elias teria pulado por uma das janelas, sem roupas, mas não resistiu e morreu. Ainda segundo ela, depois que ele saiu, um homem saiu também e fugiu. A polícia encontrou dentro da casa do vereador o documento do suspeito.