O empresário Wanderley Faccheti Torres, dono da Trimec Construções e Terraplanagem Ltda, afirmou em depoimento à Polícia Federal que o conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE) Antônio Joaquim não sabia que o dinheiro usado na compra de sua fazenda, localizada em Nossa Senhora do Livramento, era fruto de propina.
O depoimento, ao qual a reportagem de A Gazeta teve acesso, faz parte do inquérito que apura uma possível participação de Antônio Joaquim em um esquema de lavagem de dinheiro do qual também teria participado o ex-governador Silval Barbosa. Segundo Wanderley a fazendo foi oferecida pelo conselheiro a ele no valor de R$ 10 milhões. Como não tinha dinheiro para compra-la sozinho, o empresário decidiu sugerir o negócio a Silval, seu sócio no ramo de mineração.
À Polícia Federal, ele sustentou, no entanto, que não contou a Antônio Joaquim “que parte do valor a ser pago seria de Silval Barbosa”. “Isto é, o declarante nunca informou ao conselheiro a origem do dinheiro”, diz trecho do depoimento.
A declaração contradiz o que consta na delação premiada de Silval Barbosa, segundo quem Antônio Joaquim sabia que o ex-governador era um dos compradores e que o pagamento foi feito com dinheiro desviado dos cofres públicos.
Conforme Silval Barbosa a fazenda foi comprada por R$ 10 milhões, sendo que 70% do imóvel ficaria com ele e 30% com o empresário. O ex-governador disse também que o dinheiro para pagar o conselheiro seria de propina pagas pela Trimec e a Strada Construtora por conta da licitação para gestão dos maquinários do programa chamado Patrulha de Recuperação de Rodovias, lançado em 2011.
O empresário confirma o esquema de pagamento de propina e disse que os valores variavam entre R$ 5 mil a R$ 50 mil, totalizando mais de R$ 5,6 milhões, o que representou 10% do contrato firmado entre a Trimec e o governo do Estado.
Wanderley Torres confirmou à Polícia Federal, entretanto, que, apesar de o preço do imóvel ter sido R$ 9,5 milhões, a escritura foi lançada com o valor de R$ 6,6 milhões, após um aditivo no contrato e a pedido de Antonio Joaquim. O conselheiro foi afastado em setembro do ano passado durante a 12ª fase da Operação Ararath, chamada Malebolge. A reportagem tentou contato com as defesas de Silval Barbosa e Antônio Joaquim, mas, até o fechamento desta edição, não obteve sucesso.