A Polícia Federal confirmou, há pouco, ao Só Notícias, que mais duas pessoas foram presas, em flagrante, após os policiais encontrarem agrotóxicos armazenados em suas casas. A terceira estava com o mandado de prisão decretado e se entregou na última sexta-feira, durante Operação Terra Envenenada, deflagrada para combater o contrabando, a adulteração e o comércio ilegal de agrotóxicos na região Norte. Outras quatro já haviam sido presas em Sinop e uma em São Paulo, na última quinta-feira, quando foram cumpridos também 16 mandados de buscas e apreensões (expedidos pela justiça federal em Sinop) e 6 de prisões em Mato Grosso, Goiás e Paraná.
A investigação da PF aponta que um dos presos em Sinop já havia sido colocado atrás das grades em 2017 também por contrabando de agrotóxicos. Outro havia sido condenado por roubo, em 2016, em Sorriso, e por receptação em Juara e Alta Floresta. Outro investigado preso em Sinop foi condenado por estelionato e os antecedentes criminais dos denunciados, de acordo com a PF, reforçaram "a necessidade da prisão preventiva" na Operação Terra Envenanada.
Na decisão judicial que resultou nas prisões, consta que os dados coletados a partir das gravações-escutas telefônicas feitas pela PF, há indícios que uma mulher investigada (descrita na investigação como esposa de um dos homens presos na operação), "atuaria na fase na fase de ocultação do lucro do crime ao, supostamente, participar das transações envolvendo veículos" e que há indícios que "ela seja possivelmente o braço financeiro do investigado".
Por ordem da justiça federal de Sinop, houve quebra de sigilo fiscal de 13 pessoas e 3 empresas e apreensão de bens – do casal são mais de 18 veículos (carretas, carros e motos). A justiça também ordenou sequestro de 5 fazendas e outros imóveis das diversas pessoas investigadas.
Conforme Só Notícias já informou, a investigação teve como base o acompanhamento de organização criminosa voltada para a importação, manipulação e venda de produtos agroquímicos que, em razão dos gravíssimos danos que provocam à saúde humana, têm o uso rigorosamente limitado pelos órgãos oficiais.
Os suspeitos, por meio de extensa rede criminosa, compravam os produtos do Paraguai, faziam o transporte por vias vicinais até o Nortão, contando com a conivência de agentes públicos. No seu destino, aumentavam o volume, adulteravam os produtos misturando-os com agroquímicos permitidos ou inseticidas de preço baixo, revendendo a valores altíssimos para outros intermediários. Frequentemente, o produto também era repassado a grandes agricultores da região. Por meio de ameaças e coações, os suspeitos garantiam a adimplência dos clientes. O volume financeiro movimentado no esquema ainda não foi informado.
Em razão das vultosas margens de lucro obtidas pelo esquema ilícito e métodos agressivos de cobrança, os investigados tinham um estilo de vida incompatível com os ganhos declarados, chegando inclusive a atuar em outros ramos econômicos para mascarar e lavar os proveitos do crime. Os suspeitos serão indiciados pelos crimes de importação e transporte de substâncias tóxicas, constituição de organização criminosa e lavagem de dinheiro. As penas podem variar de um a dez anos de reclusão.