Meu amigo Sérgio é um pensador, agora que se aposentou de tantos encargos importantes que teve neste país. Mandou-me um e.mail que daria uma boa peça teatral que poderia ser chamada de Pindorama. Foi uma resposta a palpites na rede sobre a preferência a candidato mais duro contra a corrupção e o crime comum. Vou tentar passar para vocês alguns trechos dessa História real do país, vista por Sérgio. Para ele, o Brasil continua pendular “depois da esculhambação do governo Jango, vieram os militares”. E depois, “veio a Nova República, a moratória de Funaro, 83% de inflação ao mês na despedida do governo Sarney. Isso dá 2,77%!”. Sergio guarda a nota do almoço de sábado na Churrascaria Plataforma I, naquela época: duas pessoas, sem bebida, custou Cz$1.876.289,00. Um milhão, oitocentos e setenta e seis mil cruzados. Logo ali, no fim do governo Sarney.
Aí veio – lembra Sérgio – a constituição cidadã, de 1988, que estabeleceu o juro máximo de 12% ao ano… e com ela o “pluralismo sócio-cultural” e passou a valer tudo, como na música do Tim Maia. Quando Sarney saiu, veio Collor disposto a “matar a inflação com um tiro só”. E acrescenta que, no dia da posse, um brasileiro qualquer e o Antônio Ermírio de Morais tinham exatamente 50 cruzados novos cada um. O presidente do Banco Central não falava português direito e a ministra da Economia, segundo sua biografia, havia se formado pegando carona de camioneiro. Sérgio afirma, com ironia, que “depois dos 13 anos de tragédia do PT, veio um Judiciário de Catão e jacobinos, para refundar o país.”
Sérgio está na idade em que a experiência alimenta o ceticismo. Diz ele já não acreditar em ninguém que “tenha nascido depois do suicídio do Dr. Getúlio, porque não tem idéia de como funciona Pindorama. Ouço, leio e passo batido. Primeiro, porque está cheirando a leite, segundo porque não foi testado pelo princípio da sobrevivência do mais apto e terceiro porque ignora que Pindorama não age – reage.” Para Sérgio, quem bota tudo no lugar é “o pêndulo do destino”. Ele termina a mensagem com um P.S.: “Pegue o preço de uma caixa de fósforos em 1960; reponha os 12 zeros que tiraram e ainda divida por 2.750 – o número mágico do plano real. Vai dar para comprar todos os prédios da Vieira Souto e da Delfim Moreira.” E termina: “Nós sobrevivemos a tudo isso. E vamos sobreviver outra vez.”
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Uma caixa de fósforos
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