Uma conjunção de fatores pressionou o mercado da soja na Bolsa de Chicago na sessão desta terça-feira. As posições mais negociadas fecharam o dia perdendo entre 9,75 e 10,50 pontos, levando o julho/17 a perder os US$ 9,30 e fechar com US$ 9,27 por bushel. Já o contrato novembro/17, que é referência para a safra norte-americana, foi a US$ 9,38.
Entre os principais fatores de pressão estiveram o severo recuo do petróleo – que bateu em suas mínimas em nove meses frente a uma produção ainda bastante elevada – e também a alta forte do dólar frente ao real, que pesou não só sobre à soja, mas sobre as commodities de uma forma quase generalizada.
Além disso, as melhores condições da nova safra norte-americana também contribuíram para as baixas observadas neste pregão, como explica o analista de mercado Marcos Araújo, da Lansing Group.
Dólar e Preços no Brasil
A moeda norte-americana fechou os negócios desta terça-feira com alta de 1,4% e valendo R$ 3,3308, registrando seu mais elevado fechamento desde o último 18 de maio, depois de alcançar R$ 3,3426 na máxima da sessão.
A disparada da moeda veio na sequência da rejeição do texto principal da reforma trabalhista pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado. “O sinal é muito ruim… de perda de força de Temer”, afirmou o economista da gestora Infinity, Jason Vieira, em comentário reportado pela agência de notícias Reuters.
No Brasil, o impacto do câmbio não foi igual para os preços nos portos e no interior do país. Enquanto as referências entre as principais praças de comercialização apresentaram baixas de até 4,41%, algumas registraram estabilidade.
Já no terminal de Rio Grande, a soja disponível fechou o dia com R$ 70 por saca e alta de 0,14% e, em Paranaguá, fechou estável nos R$ 69,50. Para a safra nova, ganho de 0,68% para R$ 74 no porto paranaense e estabilidade em R$ 75 no gaúcho.
Ainda segundo Araújo, o balanço desta terça-feira para os preços nos portos foi de estabilidade, assim como para os negócios entre os produtores brasileiros. “Aconteceram alguns negócios pontuais, mas de baixos volumes. O produtor ainda está um pouco retraído, vendendo da mão para a boca”, explica.
E lembra ainda que os maiores volumes de soja ainda a serem comercializados estão mais entre os produtores da região Sul do Brasil do que no Centro-Oeste.
Safra Americana
Para os próximos dias as previsões climáticas indicam boas condições de clima para o Corn Belt e esse segue sendo não só mais um fator de pressão sobre as cotações, como o ponto central do mercado internacional de grãos.
“A previsão para a próxima semana parece ser boa para a maior parte do Corn Belt”, disse Benson Quinn Commodities em entrevista ao portal britânico Agrimoney, embora tenha acrescentado que “as temperaturas podem ser mais frias do que o desejado em algumas áreas”. De acordo com os últimos mapas do NOAA – Serviço Oficial de Meteorologia do país – nos próximos 6 a 14 dias, grande parte do Corn Belt deverá ter chuvas acima da média e temperaturas dentro da normalidade.
Até o último domingo (18), o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) indicou que 67% das lavouras de soja estão em boas ou excelentes condições, índice 1% maior do que o da semana anterior.
Ainda segundo Araújo, esse é um cenário que mantém pressão sobre as cotações, porém, afirma ainda que o espaço para novas e severas baixas é limitado. “Chicago ficando ‘muito barato’ poderia desestimular o plantio na próxima safra do Brasil, podendo deixar o mercado suscetível à novas altas”, afirma.