O mercado da soja na Bolsa de Chicago vem ampliando suas baixas na sessão desta quinta-feira e os futuros da oleaginosa perdem mais de 2% na tarde de hoje, com as cotações de volta à casa dos US$ 9,50 por bushel. No Brasil, porém, a bomba da delação do empresário de Joesley Batista envolvendo o presidente deixou o mercado financeiro frenético e o dólar sobe, na tarde de hoje, mais de 8% para ser negociado a R$ 3,38. Ao longo dos negócios, a moeda americana já registrou ganhos de mais de 9% para bater em R$ 3,43.
Com a alta do dólar superando as baixas em Chicago, a formação dos preços da soja no Brasil acaba encontrando um bom espaço de recuperação. Somente no porto de Rio Grande, o produto disponível subia 4,20% para R$ 72 por saca, enquanto o futuro – junho/16 – a alta era ainda mais expressiva e chegava a a 6,29% com a saca cotada a R$ 76. No interior do Paraná, na região de Cascavel, os preços já estão de R$ 2 a R$ 3 por saca acima do fechamento de ontem.
Apesar de toda esse euforia, a orientação dos analistas de mercado é de que os produtores tenham muita cautela neste momento e que não tirem a atenção dos próximos desdobramentos da crise política instalada no Brasil. Além disso, será necessário ainda acompanhar as próximas intervenções do Banco Central sobre o andamento do câmbio diante deste novo cenário.
Como explica Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting, logo na sequência das divulgação das informações e da abertura dos negócios em Chicago e no Brasil, o mercado da soja travou. “Os vendedores e compradores sumiram. Hoje é um dia de muito nervosismo, de muita instabilidade”, disse.
Para o analista de mercado Miguel Biegai, da OTCex, de Genebra, na Suíça, esse é um momento, além de cautela, de avaliação da realização de novos negócios. Assim, para aquele produtor que vê oportunidades de venda, o momento deve ser aproveitado, mesmo que parcialmente.
“Com alta forte do dólar frente ao real, a soja brasileira se torna mais competitiva. E nos Estados Unidos, para que a soja americana continue competitiva frente à brasileira, os preços caem em Chicago, esse é o mecanismo que eles têm para equilibrar essa relação”, explica Biegai.
Além disso, ainda segundo Brandalizze, o sentimento de que com essa maior competitividade trazida pelo dólar a oferta brasileira de soja seja maior neste momento também pesa sobre os preços em Chicago.