As exportações de soja e de minério de ferro estão ajudando o país a registrar saldo positivo na conta de transações correntes, que são as compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do Brasil com o mundo. Em março, foi registrado o primeiro saldo positivo (US$ 1,397 bilhão) neste mês, desde 2007, e a expectativa do Banco Central (BC) é que o país volte a obter superávit este mês. A estimativa do BC é que o superávit em transações correntes fique em US$ 1,4 bilhão, em abril.
O resultado de março surpreendeu o BC, que projetava déficit de US$ 1,5 bilhão. “O que responde por essa diferença é fundamentalmente o desempenho da balança comercial. Tivemos um superávit da balança comercial bastante significativo no mês”, disse o chefe do Departamento Econômico do banco, Tulio Maciel.
Em março, o superávit comercial chegou a US$ 6,935 bilhões e acumulou US$ 13,816 bilhões no primeiro trimestre, contra US$ 4,241 bilhões e US$ 7,766 bilhões, nos mesmos períodos de 2016.
De acordo com Maciel, as exportações de soja cresceram 16% em março e 40% no primeiro trimestre. “O minério de ferro tem sido destaque também”, acrescentou. Ele disse que os preços do minério de ferro estão em alta, o que aumenta o valor das exportações brasileiras. No total, acrescentou, os preços das exportações estão crescendo acima de 20%. De acordo com Maciel, o volume exportado também cresce, mas em ritmo menor: 1,5%, no primeiro trimestre deste ano contra igual período de 2016.
Segundo Maciel, os dados parciais das exportações deste mês indicam que o país voltará a registrar superávit nas contas externas. Em abril, até a terceira semana, o superávit comercial está em US$ 5,2 bilhões, superando o resultado de todo o mês em 2016 (US$ 4,9 bilhões).
Apesar do resultado positivo em março, no acumulado do ano, as transações correntes registram déficit de US$ 4,624 bilhões, no primeiro trimestre. Tulio Maciel destacou, porém, que a entrada de investimento direto no país (IDP), recursos que vão para o setor produtivo da economia, supera o saldo negativo. Em março, o IDP chegou a US$ 7,109 bilhões e, no primeiro trimestre, a US$ 23,943 bilhões.
Marciel lembra que o IDP é a melhor forma de financiar o déficit nas contas externas porque é um recurso que se incorpora à atividade produtiva do país e permanece por período longo, gerando renda e impostos.