Os preços do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) acumularam valorizações de mais de 2% na semana, conforme levantamento realizado pelo economista André Lopes. Após operar próximo da estabilidade nos últimos dias, as cotações registraram ganhos mais fortes no pregão desta sexta-feira em meio à queda na área de plantio do cereal nos EUA nesta temporada.
O número, de 36,42 milhões de hectares, foi reportado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) hoje. A primeira estimativa ficou dentro das apostas dos investidores que estavam entre 36,3 milhões a 37,43 milhões de toneladas. Ainda assim, a área é menor do que a cultivada no ciclo anterior, de 38,04 milhões de hectares.
Em meio a esse quadro, as principais posições do cereal subiram entre 6,75 e 7,25 pontos no pregão desta sexta-feira, uma valorização diária entre 1,85% e 1,90%. O contrato maio/17 era cotado a US$ 3,64 por bushel, enquanto o julho/17 era negociado a US$ 3,71 por bushel. O setembro/17 operava a US$ 3,79 por bushel.
No sul dos EUA, os produtores já iniciaram o plantio do milho. Inclusive, no estado de Louisiana, a semeadura do cereal já chegou a 50%, de acordo com os reportes internacionais. A perspectiva é que os trabalhos nos campos ganhem ritmo entre os meses de abril e maio.
O departamento americano ainda trouxe os números dos estoques trimestrais de milho no país. O volume indicado foi de 218,86 milhões de toneladas, abaixo da expectativa dos investidores, de 217,20 milhões de toneladas. No mesmo período do ano anterior, o número era de 198,69 milhões de toneladas.
Apesar da valorização, o analista de mercado da Lansing Trade Group, Marcos Araújo, destaca que os preços da commodity permanecem pressionados. “Temos estoques mundiais recordes e grandes estoques de trigo também, que são concorrentes com o cereal na fabricação de ração”, completa.
O especialista ainda reforça a grande concorrência entre o Brasil, Estados Unidos, Ucrânia e Argentina. Nos últimos dias, a perspectiva de uma grande safra na América do Sul, especialmente no Brasil, manteve uma pressão negativa sobre os preços do cereal. Há especulações no mercado sobre possíveis impactos da safra brasileira nas exportações americanas.
Mercado brasileiro
Mais uma vez, os preços do milho negociados no mercado brasileiro recuaram na semana. Conforme levantamento do economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, em São Gabriel do Oeste (MS) a queda foi de 17,65%, com a saca a R$ 21. Já em Chapadão do Céu (GO), a perda ficou em 14,81% e a saca a R$ 23.
Em Campo Grande (MS) e Jataí (GO), a desvalorização ficou em 12%, com a saca do cereal a R$ 22,00. No Paraná, nas praças de Ubiratã, Londrina e Cascavel, a perda foi de 4,55%, com a saca a R$ 21. No Porto de Paranaguá, a queda foi de 1,75%, com a saca a R$ 28.
No mercado brasileiro, as cotações do cereal ainda sentem a pressão da recomposição da oferta, com uma perspectiva de colheita de mais de 90 milhões de toneladas do cereal nesta temporada. Em contrapartida, a cadeia produtiva ainda sente os reflexos da Operação Carne Fraca, uma vez que a situação deixou os compradores receosos.
Consequentemente, a perspectiva é que as exportações precisem ser maiores nesta safra, na tentativa de enxugar o excedente da oferta. Neste ciclo, o país deve embarcar 30 milhões de toneladas, segundo os dados oficiais. “E apesar da recente reação cambial, o cenário ainda não é favorável”, destaca a analista de mercado da INTL FCStone, Ana Luiza Lodi.
Essa semana, em entrevista ao Notícias Agrícolas durante do GAF Talks, o presidente executivo da Abramilho, Alysson Paolineli, reforçou que será necessária a intervenção do Governo no mercado do cereal.
“Não podemos é voltar para a época da sanfona, com safras altas e preços baixos. O governo tem que estar atento e intervir. Comprar esse milho e fazer um estoque para recuperar o dinheiro de forma nacional, para que o produtor possa estar próximo do consumidor interno”, disse o presidente.
BM&F Bovespa
A sessão desta sexta-feira foi de ligeiras altas aos preços do milho na bolsa brasileira. As principais posições do cereal acumularam ganhos entre 0,40% e 1,19%. O vencimento maio/17 era cotado a R$ 28,55 a saca e o setembro/17 a R$ 27,79 a saca.
As cotações acabaram acompanhando a movimentação dos preços no mercado internacional. Já o câmbio, fechou o dia com queda de 0,41%, cotado a R$ 3,1311. No mês, o dólar subiu 0,57%, porém, no primeiro trimestre, a perda ficou em 3,65%.