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Soja: pressão no Brasil é grande e mercado perde em Chicago

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Os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago, que vinham trabalhando em queda durante os últimos dias, receberam, enfim, os novos relatórios do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) e perderam, somente nesta sexta-feira, mais de 15 pontos, acumulando uma baixa de mais de 2% entre as posições mais negociadas. Com isso, mais uma vez, foram renovadas as baixas em cinco meses e o vencimento maio/17 terminou o dia com US$ 9,46 por bushel.

Segundo explicou o analista de mercado Marcos Araújo, da Lansing Trade Group, a confirmação de um aumento expressivo da área de soja na safra 2017/18 do EUA trazida pelo departamento norte-americano intensificou a pressão sobre as cotações que já vinha sendo exercida pela safra recorde da América do Sul.

No reporte de intenção de plantio, o USDA estimou um crescimento de 7% da área em relação à temporada 2016/17 com 36,22 milhões de hectares, e ainda acima da média das expectativas do mercado de 35,7 milhões. Em contrapartida, ainda como afirma o analista, a produtividade esperada para esta temporada é menor do que a do ano anterior.

“Essas, porém, são projeções de médio e longo prazo. No curto prazo, o que ainda pesa sobre as cotações em Chicago são as projeções de um aumento da safra do Brasil – com consultorias que estimam 111, 113 e algumas até falando em 118 milhões de toneladas. E no Brasil, até 57 milhões de toneladas”, explica Araújo.

Dessa forma, para o executivo, a pressão sobre os preços da commodity na Bolsa de Chicago deverá se manter até meados de maio, com o recordes na América do Sul ainda sendo observados e quando, na sequência, se iniciam com mais intensidade as especulações sobre o clima no Corn Belt e o real potencial da nova safra norte-americano.

Enquanto as informações da oferta se sobressaem – o que é natural deste momento do mercado – a demanda continua ainda muito forte, atuante e sendo o principal ponto de equilíbrio do mercado. Somente nos EUA, 99% do total estimado para ser exportado neste ano comercial já está comprometido, com as vendas em um ritmo bem mais acelerado do que na temporada anterior, ainda segundo dados do USDA.

Mercado no Brasil

No Brasil, o que chama a atenção é o ritmo dos embarques. As vendas feitas antecipadamente começam a se efetivar e para março se espera um novo recorde na casa de 10 milhões de toneladas de soja. Entretanto, para novas vendas os produtores brasileiros seguem ainda muito reticentes diante dos preços em reais em patamares muito baixos e pouco atrativos.

Nesta última semana, as referências no interior do país caíram até 10,08% – como foi o aconteceu no Oeste da Bahia, onde a saca foi de R$ 62 a R$ 55,75 – , enquanto nos portos os indicativos cederam de 2,75% a 4,41% para terminarem a semana na impressionante casa dos R$ 65 por saca.

Em Mato Grosso, maior estado produtor da oleaginosa, cerca de 62% da safra 2016/17 já foi comercializada, com uma média ponderada de preços de R$ 66,00 por saca, segundo números do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). E os preços atuais estão entre R$ 51 e R$ 52, mantendo os produtores distantes dos negócios. E como explica o superintendente do órgão, os custos da presente safra foram fechados com uma média de dólar de R$ 3,66 e a moeda americana, agora, segue atuando próxima dos R$ 3,15.

Assim, as expectativas de analistas e consultores de mercado é de que novas oportunidades de venda para produtores rurais poderão começar a surgir na medida em que crescerem as especulações sobre a nova safra americana, o que pode começar a acontecer em meados de maio. Para Marcos Araújo, “o período de 15 a 20 de junho tem sido, nos últimos anos, um bom momento para o produtor brasileiro”, explica.

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