A cotação da soja iniciou trajetória de queda e atinge a média registrada há 5 anos, segundo a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja). Desde o dia 17 deste mês, quando foi desencadeada a Operação Carne Fraca, o impacto sobre os preços da oleaginosa foram intensificados e o produto rompeu a barreira dos US$ 10, o bushel (unidade de medida que equivale a 27,2 kg). Como informa o site da Central de Comercialização (Centro Grãos) da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) nesta segunda-feira, os contratos com vencimento para março foram negociados a US$ 9,87, conforme valores da Bolsa de Chicago.
Nos contratos com vencimento para maio, o bushel foi negociado a US$ 9,71. A média de preços em reais no Estado alcança R$ 55 (saca com 60 kg). Como observa o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja), Marcos da Rosa, os preços da soja são compostos em Chicago. Até sexta-feira (24) estava cotado a US$ 10/bushel. Segundo ele, a atualização dos preços para baixo reflete a movimentação do mercado em torno de outro elemento: a repercussão da Operação Carne Fraca, para desarticular esquema de corrupção e fraude na liberação de licenças para frigoríficos.
Com dúvidas sobre o sistema de vigilância sanitária no Brasil, 31 países, além da União Europeia – que agrega 28 estados-membros -, reforçaram o sistema de controle de entrada da carne brasileira ou embargaram as importações. Situação que levou alguns frigoríficos a suspenderem temporariamente os abates, entre eles o grupo JBS. Toda essa conjuntura de incertezas leva à expectativa de que será necessário produzir menos ração – à base de soja e milho – para alimentar os animais, já que a demanda e os abates diminuem. Para ele, essa movimentação negativa dos preços reflete, sim, a difusão da notícia de forma indevida pela PF.
“É muito ruim esse patamar de preço porque os custos (de produção) estão atualizados”. O presidente da Aprosoja Brasil lembra que o câmbio contribui para o momento desfavorável às negociações. “Para ser viável, o dólar precisava estar acima de R$ 3,30 e não nessa média de R$ 3,10”. Da Rosa lembra que a oferta mundial de soja trouxe pressão de baixa nos preços. “A safra nos Estados Unidos e sul-americana, inclusive no Brasil, é grande. Isso interfere no preço”. Diante da perspectiva de oferta abundante de grãos e enfraquecimento da demanda pelo setor de carnes, o mercado ajusta os preços num nível menor, para a soja e para o milho.