A semana começa sem a referência da Bolsa de Chicago para o mercado da soja no Brasil. Em função da comemoração do feriado do Dia do Presidente nos EUA, a bolsa norte-americana retoma seus negócios nesta terça-feira, 21, e pode trazer um pouco mais de ritmo à comercialização brasileira, que segue ainda travada dados os baixos preços praticados nesse momento.
Assim, o produtor deve estar atento ainda mais à movimentação do câmbio e, prinicipalmente, da demanda, que conta com boas perspectivas para as próximas semanas.
A atençãos dos produtores passa a ser ainda maior sobre a movimentação do dólar que, nesta segunda-feira, testa algumas ligeiras altas frente ao real. Por volta das 10h15 (horário de Brasília), a moeda americana valia R$ 3,102, subindo 0,29%.
Com o feriado nos EUA, porém, a movimentação do câmbio também pode ficar mais limitada. A atuação do Banco Central, portanto, acaba ganhando mais espaço entre as negociações. “O Banco Central realiza mais um leilão de swap cambial tradicional –equivalente à venda futura de dólares — com oferta de até 6 mil contratos”, informou o G1.
Na última semana, a divisa se aproximou muito dos R$ 3,00 e pesou severamente sobre a formação das cotações no Brasil.
“A acompanhar ao longo desta semana, os anúncios de política econômica nos Estados Unidos, e principalmente o processo de análise da chapa presidencial vencedora nas eleições de 2014, que pode intensificar um novo foco de instabilidade política no Brasil”, alertam os economistas da Apexsim Inteligência de Mercado.
A atenção vem ainda sobre o índice dólar, que continua avançando. “O Índice Dólar segue em comportamento de alta, ainda que alguns ajustes de mercado. Ao completar o primeiro mês de mandato,Trump consolida o cumprimento de suas promessas”, dizem os executivos.
Na outra ponta, ainda contrabalanceando a pressão trazida pelo câmbio sobre os preços no Brasil,há a intensa demanda internacional – especialmente por parte da China – pela soja brasileira. O gráfico a seguir ilustra que as importações chinesas seguem crescendo em um ritmo tão rápido, ou além, do que sobe a produção brasileira.
“As exportações brasileiras têm crescido passo a passo na medida em que crescem as importações chinesas”, diz o reporte Price Perceptions, do analista internacional Bill Gary. Nos últimos seis anos, as compras de soja da nação asiática crescerram 33 milhões de toneladas, enquanto as vendas brasileiras subiram 30 milhões. “Se a produção brasileira alcançar as 107 milhões de toneladas este ano, sua projeção de exportações pode ser revisada para cima em cerca de 3 milhões de toneladas, alcançando assim seu sexto ano de crescimento ao lado das importações chinesas”, diz o boletim.
E após o final do feriado do Ano Novo Lunar, no começo deste mês, a China voltou ao mercado com bastante presença, fazendo boas compras e aproveitando as positivas margens de esmagamento, dando suporte ainda aos futuros da oleaginosa negociados em Chicago. Entretanto, boa parte dessas compras ocorre ainda nos EUA dada a oferta menor de oleaginoda por parte do sojicultor brasileiro.
Para o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, esses negócios não deverão evoluir de forma muito mais acelerada do que se tem observado nas últimas semanas, com os produtores ainda mais focados em evoluir com os trabalhos de colheita, driblando os efeitos das chuvas em excesso que ainda ocorre em algumas áreas, tentando amenizar suas perdas.
Ao mesmo tempo, o produtor busca ainda garantir a entrega da vendas realizadas mais cedo, fazendo com que novos negócios permaneçam na espera. “Temos pouco fôlego para grandes negócios nesta nova semana, porque temos grandes volumes de soja negociada para ser entregue junto aos portos e indústrias. E tudo aponta que o dólar terá pouca movimentação na semana, assim, não servindo de argumento para apoiar as negociações”, diz Brandalizze.
Enquanto isso, dadas essas vendas antecipadas e o produtor chegando com a nova oferta brasileira, os embarques no país ganham ritmo, e os navios continuando a chegar nos portos nacionais. Os dados das exportações semanais brasileiras serão atualizados na tarde desta segunda. Na última semana, os embarques foram de 800,2 mil toneladas do grão e nos primeiros oito dias úteis do mês, de 982,3 mil toneladas.
Nesse ritmo, as expectativas são de que a média diária possa crescer para 200 mil toneladas, com o mês atual com potencial para se encerrar com 3 milhões de toneladas da oleaginosa embarcadas, acredita o consultor.
A safra 2016/17 de soja do Brasil continua carregando o potencial recorde, com projeções de até 107 milhões de toneladas por parte de consultorias privadas. Os índices de produtividade que vêm sendo reportados onde a colheita se desenvolve têm sido bastante positivos, porém, começam agora a esbarrar no excesso de chuvas que castiga as lavouras em algumas regiões produtoras.
“A safra está surpreendendo mesmo com problemas pontuais de chuvas em excesso, ardidos e perdas localizadas”, relata Brandalizze. “A colheita corre bem, mesmo com chuvas torrenciais em alguns momentos, com o MT na frente e indo para os 52%. Todos os estados mostram a colheita mais avançada do que em anos anteriores e já nos apontando que tem mais de 26% da safra brasileira colhida”, completa.
Para esta semana, as previsões seguem apontando a chegada de mais chuvas em todos o Centro-Sul do Brasil e mais a região do MATOPIBA.
“Para o estado do Mato Grosso, as chuvas continuarão à regar quase toda a região agricultável, com totais mais pesados concentrados ao oeste e regiões distribuídas pelo estado. Grande parte da região do MATOPIBA também receberá chuvas bastante favoráveis ao desenvolvimento da soja, com excessão do oeste baiano, onde chuvas ficarão restritas ao norte”, informa o boletim da AgResource Brasil.
Nesse quadro, a consultoria acredita que a colheita brasileira nesta temporada possa ser ainda maior. “A ARC Brasil acredita que ainda há chances dos números finais brasileiros alcançarem 109 MTs, caso o Rio Grande do Sul volte a receber novas rodadas de chuvas significantes nas próximas semanas”, informa o reporte.
Na última semana, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam com baixas acumuladas de pouco mais de 2% e ainda confinadas em fortes referências de suporte e resistência para os preços. Apesar disso, a Apexsim explica, em seu reporte semanal que, graficamente, “as médias móveis de curto prazo indicam tendência de alta, enquanto as cotações se encontram abaixo do centro da banda de Bollinger, na região do fundo anterior”.
Complementando, os economista indicam que “o rompimento deste patamar significará a confirmação do momento de queda decorrente da safra sul-americana. O dólar segue se valorizando no mercado internacional, pressionando as cotações”.
Ainda no mercado internacional, atenção sobre os fundos de investimentos, os quais se mantêm bastante comprados no complexo soja. “Vemos um considerável aumento da oferta, mas os fundos parecem continuar comprando a soja ainda em uma inclinação otimista sobre os preços no longo prazo. As notícias de demandas têm sido muito fortes ultimamente, e crescendo na América do Sul”, informa o reporte Price Perecptions, do analista internacional Bill Gary.
Fonte: Notícias Agrícolas