A semana foi bastante positiva para o mercado da soja tanto no Brasil, quanto no cenário internacional. Nestes últimos dias, os olhos do mercado global estiveram todos voltados para a Argetina com ainda mais atenção do que nas anteriores. Com perdas estimadas de ao menos 5 milhões de toneladas e uma perspectiva de perda de cerca de 2,5 milhões de hectares, a oferta da oleaginosa do país que é o maior produtor e exportador dos derivados da commodity – óleo e, principalmente, farelo – deverá contar com um potencial bem menor do que o estimado inicialmente, podendo chegar a até 60 milhões de toneladas, de acordo com algumas projeções.
A confirmação das perdas e o risco de que sejam ainda maiores trouxe renovou o fôlego das cotações na Bolsa de Chicago, levando os futuros da commodity a alcançarem suas máximas em seis meses e ampliando o espaço de reação dos preços para os produtores brasileiros tanto no interior do Brasil, quanto nos portos. O dólar, porém, limitou o potencial de ganho dos indicativos, o que acabou mantendo o ritmo de comercialização ainda ligeiramente mais lento do que em anos anteriores.
O dólar seguiu sua trajetória de baixa, principalmente após o “morno” discurso de posse do novo presidente norte-americano Donald Trump nesta sexta, encerrou o dia em queda e acumulando uma baixa de 1,21% na semana, cotado a R$ 3,1825 na venda. Somente na sessão desta sexta, a divisa perdeu 0,55% e perdeu, portanto, o patamar dos R$ 3,20 mais uma vez.
“O discurso do Trump não trouxe nada que justificasse o dólar mudar a trajetória em que já estava. E lá fora a moeda também passou a cair ante outras divisas, reforçando essa tendência”, comentou um profissional da mesa de câmbio de uma corretora doméstica à agência de notícias Reuters.
No levantamento feito pelo Notícias Agrícolas, na semana, as principais praças do país registraram ganhos de 0,76% a 6,78%, como foi o caso de, respectivamente, Jataí, em Goiás, e Tangará da Serra, em Mato Grosso, com os últimos preços em R$ 66,00 e R$ 63,00 por saca. As demais referências, porém, se mostram entre R$ 62,00 e R$ 77,00.
A baixa da moeda americana pesou, porém, de forma mais acentuada sobre a formação dos preços nos portos, com Paranaguá chegando a registrar uma pequena baixa no saldo semanal. No terminal paranaense, a oleaginosa perdeu 0,64% e fechou com R$ 77,50 por saca tanto no disponível, quanto no mercado futuro. Já em Rio Grande, esses indicativos ficaram em, respectivamente, R$ 78,50 e R$ 80,50 por saca, subindo 1,82% e 0,50%.
Paralelamente, o que também deixa a comercialização mais lenta e os preços um tanto limitados é o avanço da colheita no Brasil. Segundo a última projeção da AgRural, até o último dia 19, 2,2% da área já havia sido colhida, contra 1,5% do mesmo período do ano passado. Quem lidera os trabalhos é o Mato Grosso, com o processo já concluído em 7,5% de sua área. “Até o momento, porém, não há queixas de perda de qualidade da soja que está pronta para colher”, informou a consultoria.
Como explica o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, esse é um movimento comum para o período. “Com os produtores colhendo e entrando os contratos, se espera que a oferta de grãos cresça da semana que vem em diante e, assim, possam aparecer algumas posições de grão livre para ser negociado. Mas, por enquanto, os volumes são pequenos e não tem mostrado grande movimentação”.
Mercado em Chicago
Na Bolsa de Chicago, os futuros da soja acumulam altas de 1,80% a 2,03% entre as posições mais negociadas, com o março encerrando a semana com US$ 10,67 e o maio/17, referência para a safra brasileira, com US$ 10,76 por bushel.
Além do estímulo trazido pelas condições da Argentina, e alguma preocupação com regiões pontuais no Brasil, o mercado internacional viu a movimentação dos fundos de investimento, segundo explicam analistas e consultores, contribuirem para os ganhos dos últimos dias, já que apostam em novos ganhos para a oleaginosa e têm ampliado suas posições nas últimas sessões.
Além disso, nesta sexta-feira, o mercado ganhou força também dos bons números das vendas semanais para exportação dos Estados Unidos, reportados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
Na semana encerrada em 12 de janeiro, os EUA venderam 1.046,3 milhão de toneladas, sendo 979,6 mil da safra atual e mais 66,7 mil da safra nova. A China segue como principal compradora do produto americano. No acumulado da temporada, as vendas americanas da commodity já somam 49.301,2 milhões de toneladas, contra 39.985,8 milhões do ano comercial 2015/16. Assim, do total esperado para ser exportado de 55,79 milhões de toneladas, 88,3% já estão comprometidos.
Fonte: Notícias Agrícolas