Nesta quinta-feira, os preços da soja no mercado brasileiro parecem ter, finalmente, encontrado espaço para pegar uma carona no avanço do dólar e registraram bons ganhos no encerramento dia. Com Chicago apresentando variações limitadas e a moeda americana disparando 1%, as referências chegaram a marcar altas de até 2% nos portos do país. No interior, os ganhos também foram interessantes.
A moeda americana terminou a sessão desta quinta com R$ 3,2716, com a cena política nacional no centro dos holofotes do mercado. As expectativas crescentes de que a reforma da Previdência não deverá ser aprovada ainda este ano deu espaço para a subida e a reação no mercado nacional foi instantânea.
“A incerteza cada vez maior sobre a votação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados este ano tende a manter os investidores locais na defensiva”, trouxe a Advanced Corretora em relatório, como informa a agência de notícias Reuters.
Dessa forma, no terminal de Paranguá os indicativos voltaram aos R$ 75 por saca tanto no disponível, quanto no mercado futuro, com altas respectivas de 2,74% e 2,32%. Já em Rio Grande, 0,95% e 0,66% para R$ 74 e R$ 76 por saca. Nas praças de comercialização no interior do Brasil, as altas variaram de 0,78% a 1,72%, de acordo com o levantamento feito pelo Notícias Agrícolas. Com isso, as referências ainda variam entre R$ 55 e R$ 73,30 por saca.
Como explicou o diretor da INTL FCStone, Glauco Monte, os repiques do dólar devem ser aproveitados pelos produtores brasileiros como forma de garantir parte de suas vendas, dada a pouca oscilação que tem sido observada no mercado internacional e a tendência de alguma pressão que ainda existe sobre as cotações na CBOT.
“Com essa questão da reforma da Previdência e mais as eleições no ano que vem, acredito que podemos ter grandes volatilidades no câmbio. E o produtor que está esperando para vender acredito que deve fazer uma mistura entre as fixações em dólar, as vendas em reais, tem que aproveitar esse momentos”, diz.
Preços em Chicago
Na Bolsa de Chicago, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam mais um dia em queda nesta quinta-feira, intensificando suas baixas no final da sessão. As principais posições perderam entre 5,75 e 6,75 pontos, com o janeiro/18 fechando em US$ 9,85 por bushel, e o maio/18, referência para a safra brasileira, com US$ 10,08.
Ainda segundo Monte, as condições melhores de clima na América do Sul – principalmente com algumas chuvas chegando à Argentina – pesaram ligeiramente sobre as cotações, bem como a falta de problemas efetivos na nova safra.
Além disso, as vendas americanas um pouco mais lentas nesta temporada – com o produto americano perdendo espaço para o brasileiro – também limitam o avanço das cotações, já que cria expectativas de que o mercado possa se deparar com estoques maiores nos EUA.
Na semana encerrada em 23 de novembro, os EUA venderam 942,9 mil toneladas de soja da safra 2017/18, enquanto as expectativas variavam de 800 mil a 1,2 milhão de toneladas. A China segue como principal destino da oleaginosa norte-americano. No acumulado da temporada, as vendas do país já chegam a 34.395,0 milhões de toneladas, contra pouco mais de 41 milhões do ano passado, nesse mesmo período. A expectativa para o ano comercial é de que as exportações somem 61,24 milhões de toneladas.
Nem mesmo o anúncio de novas vendas de mais de 650 mil toneladas de soja dos EUA pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta quinta-feira, ou as vendas semanais de mais de 900 mil toneladas – dentro das expectativas do mercado – foram suficientes para dar um respiro às cotações.
No clima da América do Sul, poucas mudanças. No Brasil, as mais atualizadas previsões climáticas indicam, a partir desta quinta, chuvas mais volumosas chegando ao Matopiba que podem favorecer o desenvolvimento dos trabalhos de campo. A região Centro-Oeste também tem previsão de chuvas para os próximos dias.
Na Argentina, o destaque continua sendo a região de Córdoba, onde finalmente as chuvas chegaram, mesmo ainda não de forma adequada e, principalmente satisfatória. No entanto, em função da queda de granizo na região, alguns danos foram registrados em propriedades locais.