Os futuros da soja surpreenderam no final da sessão desta sexta-feira e fecharam o dia com altas de quase 20 pontos entre as posições mais negociadas na Bolsa de Chicago. Com esse avanço e depois de uma semana de variações tímidas e limitadas, o ganho acumulado ficou entre 0,35% e 0,40%. Assim, as cotações retomaram a casa dos US$ 10 por bushel, com exceção do janeiro/18, que fechou em US$ 9,90. Já o maio/18, referência para a safra brasileira, foi a US$ 10,11.
Mais uma vez, uma conjunção de fatores contribuiu para esse avanço expressivo da commodity – que liderou a alta no mercado de grãos na CBOT nesta sexta – e, entre eles, permanecem algumas dúvidas sobre a questão do clima na América do Sul. A Argentina começa a se destacar, principalmente pela possibilidade de ser impactada de forma mais severa pelo La Niña.
“Além disso, com as previsões do fenômeno La Niña a partir do verão, os fundos especulam sobre a possível redução das chuvas na Argentina com possibilidades de alcançar o Rio Grande do Sul, o que fez com que eles aproveitassem essa oportunidade para comprar, e com isso, o mercado também acabou colocando o famoso Weather Premium (Prêmio Clima)”, explica o diretor da Labhoro Corretora, Ginaldo Sousa.
E como explicam os analistas, neste momento em que a demanda se mostra muito forte e em crescimento, quaisquer riscos de oferta que possam vir a aparecer e promover uma especulação no mercado ajudam a promover uma movimentação mais aquecida dos preços no mercado futuro norte-americano.
Ainda nesta, segundo analistas e consultores, o mercado internacional também se valeu de informações de que a China teria comprado 10 navios de milho e 20 navios de etanol dos Estados Unidos para apostar mais nas altas.
Paralelamente, o expressivo avanço dos preços do petróleo de mais de 2% nas bolsas e Nova York e Londres e um novo recuo do dólar também contribuíram para a subida das cotações. O dólar index fechou com queda de 0,33%.
No Brasil, a divisa fechou com baixa de 0,59% e valendo R$ 3,2612, depois de bater em R$ 3,2551 na mínima do dia. Na semana, o recuo acumulado também foi de 0,59% e, nas últimas duas semanas, sobe para 1,39%.
“O feriado de segunda-feira (do Dia da Consciência Negra comemorado em São Paulo) levou alguns investidores a montarem posições mais defensivas pela manhã, mas o movimento foi superado pelo avanço firme do petróleo à tarde, que impulsionou as moedas emergentes e aqui acompanhou”, resumiu o diretor da Correparti Corretora Jefferson Rugik à agência de notícias Reuters.
Mercado Brasileiro
O avanço intenso dos futuros da soja em Chicago teve impacto limitado para os preços brasileiros, porém. A queda do dólar, como quase sempre acontece, neutralizou parte dessa força e, no balanço semanal, a maior parte das praças de comercialização encerrou seus negócios em campo negativo. Nos portos, as referências permaneceram estáveis.
Tanto em Rio Grande, quanto em Paranaguá, a soja disponível fechou a semana com R$ 73,00 e R$ 74,00 por saca, respectivamente. Para a safra nova, ganho de R$ 0,50 no terminal paranaense – para r$ 75,00 – e estabilidade R$ 76,50 no gaúcho.
No interior, as perdas variaram entre R$ 0,50 e R$ 2 por saca, com exceção de Ponta Grossa, no Paraná, onde o valor fechou com R$ 72. “A semana termina com mercado lento no Brasil, notamente por causa do feriado. Existe também o sentimento de que os preços caminham para premiar aqueles que resistem em manter estoques para vender no pico da entressafra”, explica o analista de mercado e economista da Granoeste Corretora de Cereais, Camilo Motter.