Pelo segundo dia consecutivo, os futuros da soja recuaram na Bolsa de Chicago (CBOT). As principais posições da oleaginosa ampliaram as perdas e finalizaram o pregão com quedas entre 5,75 e 6,25 pontos. O novembro/17 era cotado a US$ 9,84 por bushel, enquanto o janeiro/18 operava a US$ 9,95 por bushel. As posições mais longas permaneceram acima do patamar de US$ 10 por bushel.
De acordo com o analista de mercado da Societé Générale, Stefan Tomkiw, a sessão desta terça-feira foi mais fraca depois do rally registrado na semana anterior. Os preços da oleaginosa subiram mais de 2% na última semana e atingiram os melhores níveis dos últimos dois meses após o reporte do novo boletim de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
“E com a alta, os produtores americanos, que vinham segurando a comercialização, voltaram a recompensar o mercado. Por isso, registramos uma queda mais intensa nos contratos mais curtos”, explica Tomkiw.
Além dessa participação mais ativa dos produtores na ponta vendedora, o analista ainda destaca que o clima no Brasil também continua em pauta. “A combinação das vendas e a perspectiva de um cenário mais positivo ao plantio no Brasil colocou o mercado mais fraco”, completa o analista de mercado.
Conforme últimas atualizações do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), as chuvas deverão ficar mais favoráveis ao plantio da soja a partir do dia 23 de outubro. No maior estado produtor do grão na safra de verão, o Mato Grosso, cerca de 14,4% da área foi plantada até o momento, em igual período do ano anterior, o índice estava em 30%, segundo dados do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária).
Em Sinop, importante região produtora, o presidente do sindicato rural, Antônio Galvan, destaca que as chuvas permanecem irregulares e somente 15% da área foi cultivada com a soja. No mesmo período do ano passado, o número estava em 70%.
Outro fator que também pesa no mercado é a demanda mais modesta registrada no início dessa semana, ainda conforme ressalta Tomkiw. Hoje, o USDA confirmou a venda de 227,3 mil toneladas de soja para destinos desconhecidos. O volume deverá ser entregue no ano comercial 2017/18.
Já a colheita nos EUA avançou e chegou a 49% da área semeada nesta temporada. O número ficou acima do esperado pelo mercado entre 46% e 48%. A média dos últimos anos é de 60% e no mesmo período do ano anterior o índice estava em 59%.
Ainda na visão do analista, caso não haja nenhum problema climático na América do Sul, os preços devem trabalhar no intervalo de US$ 9,50 a US$ 9,80 por bushel.
Mercado brasileiro
O dia foi de ligeiras movimentações aos preços da soja no mercado brasileiro. Conforme levantamento do economista do Notícias Agrícolas, André Lopes, o preço subiu 2,47%, e Alto Garças, com a saca a R$ 62,20. Em Primavera do Leste, o ganho ficou em 1,17%, com a saca a R$ 60,50.
No Porto de São Francisco do Sul, o disponível subiu 1,42%, com a saca a R$ 71,20. Em Rio Grande, o disponível cedeu 0,69% e a saca encerrou o dia a R$ 72. Nos demais terminais o dia foi de estabilidade.
As cotações apresentaram ligeiras altas apesar da queda registrada na CBOT e também no dólar. A moeda norte-americana encerrou o dia a R$ 3,1690 na venda, com leve queda de 0,12%. Segundo a Reuters, “os investidores permanecem cautelosos com a cena política interna e também de olho na sucessão do comando do Federal Reserve, banco central norte-americano”.