Depois de trabalhar durante toda a semana com estabilidade na Bolsa de Chicago, os futuros da soja voltaram a subir na sessão desta sexta-feira depois da divulgação dos estoques trimestrais norte-americanos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) com números abaixo das expectativas do mercado.
Os estoques americanos de soja foram reportados em 8,19 milhões de toneladas, enquanto os traders esperavam 9,23 milhões. O intervalo das projeções era de 8,74 a 9,66 milhões. O total deste ano, ainda assim, é 53% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado.
Dessa forma, as cotações terminaram o dia com ganhos de mais de 8 pontos entre as principais posições. O novembro/17 ficou com US$ 9,68 e o maio/18, referência para a safra brasileira, com US$ 9,95. Mesmo assim, no acumulado da semana, a primeira referência registrou uma baixa de 1,63%. Já a segunda subiu 0,10% em relação à última sexta (22).
Segundo explicam os analistas do portal internacional Farm Futures, os números “podem ser fruto da combinação de um erro estatístico, ou esmagamento e exportações nos EUA melhor do que as indicações iniciais. Os números finais do USDA para as duas frentes serão reportados na próxima semana”.
Para Camilo Motter, analista de mercado e economista da Granoeste Corretora de Cereais, apesar de os estoques na virada desta temporada serem bem maiores do que os do ano passado, são menores do que o inicialmente projetado e, isso deixa o mercado um pouco mais sensível neste momento.
“Isso poderia dar mais munição aos preços caso caiam os índices de produtividade da colheita nos EUA, os quais, por enquanto, ainda são muito bons. E também eventuais atrasos no plantio do Brasil também poderiam ter uma repercussão maior”, explica Motter.
Durante os últimos dias, o mercado caminhou de lado na Bolsa de Chicago, observando o bom desenvolvimento da colheita nos Estados Unidos e de uma melhora nas previsões climáticas para as principais regiões produtoras do Brasil. Em boa parte de Mato Grosso e Paraná, os dois maiores produtores da oleaginosa, as chuvas já estão chegando e permitindo um início mais expressivo do plantio.
Os traders, portanto, vinham esperando por alguma novidade que pudesse trazer uma movimentação mais intensa das cotações. E essa informação dos estoques, ainda como explica o analista, “pode deixar o mercado mais fluido, com alguma volatilidade a mais”. Além disso, acredita que isso também restringe o espaço para os preços virem abaixo dos US$ 9,50 / US$ 9,60.
Mercado Brasileiro
No Brasil, a semana também foi de pouca movimentação entre os preços. Apesar da lateralização das cotações em Chicago, nos últimos dias, o dólar registrou bons momentos de alta – chegando a bater nos R$ 3,20, porém, não se sustentou. Nesta sexta, a moeda americana cedeu 0,48% para fechar com R$ 3,1676.
O balanço semanal, porém, foi positivo e a divisa fechou com 1,28%. Já no registro de setembro, o avanço – pelo segundo mês consecutivo – foi de 0,64%. O número mais expressivo, porém, ficou por conta do trimestre, onde o dólar registrou uma baixa de 4,38%, segundo informações apuradas pela agência de notícias Reuters.
“Com o ambiente doméstico mais tranquilo e os dados dos EUA, o dólar corrigiu um pouco dos excessos dos últimos dias”, avaliou a diretora da AGK Corretora Miriam Tavares à agência.
Nos portos, os indicativos da soja disponível fecharam a semana com pequenas baixas, assim como aconteceu nas principais praças de comercialização do interior do país.
Em Rio Grande, a cotação passou de R$ 71,70 para R$ 70,60 por saca, com uma baixa de 1,53%, enquanto em Paranaguá o recuo foi de 0,70% de R$ 71,50 para R$ 71 por saca. No caso da safra nova, alta de 0,68% no terminal gaúcho e de 0,69% no paranaense, para preços finais em, respectivamente, R$ 74 e R$ 73 por saca.
“A alta do câmbio conseguiu compensar as perdas externas e manteve os preços domésticos sem maiores alterações”, explica Motter.