O mercado internacional da soja, apesar dos ganhos registrados nas duas últimas sessões, teve uma semana tranquila de movimentações tímidas entre os principais contratos negociados na Bolsa de Chicago. O vencimento setembro/17, que é o primeiro neste momento, subiu 0,32% no balanço semanal e fechou com US$ 9,42, enquanto o novembro/17 – referência para o mercado e para a safra americana – foi a US$ 9,49, com uma alta acumulada de 0,53%.
Durante os últimos dias, o mercado veio buscando por novidades e se ajustando antes do início de setembro, mês de colheita da safra norte-americana, que já está em vias de ser concluída. Em meados do mês, algumas máquinas já deverão estar no campo trazendo as primeiras ofertas da soja 2017/18 dos Estados Unidos, o que poderia, segundo acreditam analistas e consultores, pesar sobre os preços mais adiante.
No entanto, até que isso comece a, efetivamente, influenciar o andamento das cotações, os traders deram atenção a bons números da demanda que foram reportados nesta semana – com as vendas semanais americanas apontadas pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) acima das expectativas, principalmente para a safra nova – e ao início das especulações sobre o clima na América do Sul para o início da nova safra por aqui.
Como explica o analista Miguel Biegai, da OTCex Group, de Genebra, algumas previsões apontando para a ocorrência de um La Niña nos próximos meses trouxe algum risco ao mercado, já que o fenômeno poderia reduzir as chuvas para o Brasil durante setembro e outubro, período de início do plantio. E uma melhora na condição das chuvas poderia começar a aparecer, caso a previsão se confirme, somente entre novembro e outubro.
“O mercado já absorveu que teremos uma oferta grande, que a safra dos EUA pode ter novo recorde. Mas, o consumo também é muito forte e isso tem de ser considerado”, acredita o analista.
Dessa forma, o mercado em Chicago, ainda como afirma Biegai, rompeu sua tendência de baixa, segundo mostram os estudos gráficos. “Isso não quer dizer que entramos, automaticamente, em uma tendência de alta. Acredito que o mercado possa ficar de forma mais lateralizada nesse momento. Mas, ao menos, o mercado parou de cair”, diz.
Complementando o cenário internacional desta semana, houve ainda o ajuste do mercado na conclusão do mês e também frente ao fim de semana prolongado nos Estados Unidos, uma vez que as bolsas americanas não funcionam em função do feriado do Dia do Trabalho no país na próxima segunda-feira, 4 de setembro. Os negócios serão retomados na terça-feira (5).
Mercado Nacional
No Brasil, as cotações tiveram pouca movimentação, acompanhando as oscilações pouco agressivas observadas em Chicago e preços que ainda não atraem os vendedores nesse momento. Ao mesmo tempo, a estabilidade do dólar frente ao real também limita um avanço das referências no cenário nacional.
A moeda americana fechou a semana com R$ 3,1471, perdendo, nesta sexta-feira (1), e acumulando uma baixa de 0,23% no levantamento semanal. A aposta do mercado é de que os juros americanos subam somente em 2018 e tirem parte da força da divisa nos últimos dias.
“O Fed quer ver pelo menos uma pitada de inflação antes de retomar sua trilha de alta de juros e, pelo menos nestes números, isso não estava lá”, afirmou o economista-chefe da gestora canadense CIBC, Avery Shenfeld, em reportagem trazida pela agência de notícias Reuters.
Assim, no porto de Paranaguá, a soja disponível se manteve estável nos R$ 70 por saca, enquanto subiu 0,72% para R$ os mesmos R$ 70 no caso da safra nova. No interior, Sorriso manteve os R$ 51,50; Ponta Grossa/PR perdeu 1,49% para R$ 66 e Não-Me-Toque/RS seguiu nos R$ 58 por saca.