A primeira etapa de vacinação contra febre aftosa, após a inversão das campanhas, foi a que atingiu um maior índice de vacinação dentro da série histórica do Instituto de Defesa Agropecuária do Estado de Mato Grosso (Indea-MT). De acordo com o Indea, foram vacinados 28.919.110 bovinos e bubalinos, correspondente a 99,85% de um total de 28.961.876 de animais envolvidos na etapa. Após a comunicação, evolução do rebanho e campanha de atualização estoque, Mato Grosso possui hoje, um rebanho de 29.651.580 cabeças, incluindo os animais das propriedades localizadas na região do baixo pantanal, região esta, que realiza a vacinação no mês de novembro.
Segundo o presidente do Indea, Guilherme Nolasco, o alto índice de vacinação é resultado de um trabalho de educação sanitária e da conscientização do produtor. “Tínhamos um receio com a mudança das etapas, já estabelecida há mais de 30 anos. Porém, mais uma vez, os resultados demonstram o compromisso do produtor com a defesa sanitária. Batemos um recorde, 99,85% é o maior índice já registrado na história do Indea. A conscientização do produtor rural em vacinar o rebanho foi de extrema importância. O trabalho de educação sanitária realizado pelos servidores do Indea, com inúmeras palestras para produtores, em assentamentos, em sindicatos rurais, reafirmando o nosso compromisso com a sanidade do rebanho mato-grossense”, destacou Nolasco.
Em 2017, as etapas de vacinação contra febre aftosa foram invertidas em Mato Grosso, uma demanda antiga do setor, devido à dificuldade de manejo do rebanho no mês de novembro, período de maior incidência de chuva. Nesta etapa, realizada de 1º a 31 de maio, foi obrigatória a imunização de todos os bovinos e bubalinos de todas as idades, de mamando a caducando, com exceção para os animais de propriedades localizadas no baixo pantanal mato-grossense.
O superintendente do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) em Mato Grosso, José de Assis Guaresqui, afirmou que é preciso continuar inovando na defesa sanitária animal. “O recorde no índice de vacinação indica que tanto o Mapa quanto o Indea tomaram a medida correta ao promoverem a inversão das etapas de vacinação. Isso propiciou ao produtor mais facilidade no procedimento, e demonstrou que o produtor está atento às mudanças e inovações. Essa mudança veio corroborar com o resultado e reafirmar que precisamos continuar avançando e inovando”
A última ocorrência de febre aftosa em Mato Grosso foi registrada em 1996. Atualmente o estado é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como livre de febre aftosa com vacinação. O Estado caminha para a retirada da obrigatoriedade da vacinação, porém, é preciso manter os índices de vacinação superiores à 99% e a atualização cadastral do rebanho e propriedades.
Para o diretor da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), Antônio Carlos Carvalho de Sousa, os resultados da campanha demonstram o comprometimento do produtor com a sanidade animal. “É uma grande satisfação saber que o produtor está dando resposta no programa de defesa sanitária. E os números mostram, cada vez mais, a nossa responsabilidade com a qualidade sanitária do nosso rebanho. Temos que contribuir com a sanidade, uma vez que, necessitamos produzir carne com qualidade para o nosso mercado consumidor”.
O Indea está trabalhando os poucos inadimplentes, ou seja, os 0,5% que não realizaram a vacinação dentro do período da campanha, identificando as propriedades, autuando aqueles que realmente não vacinaram e realizando a vacinação assistida do rebanho, para garantir que 100% do rebanho mato-grossense seja efetivamente imunizado.
A multa para quem não vacinou o rebanho dentro do período da campanha é de 1 UPF (Unidade Padrão de Fiscal) por cabeça de gado não vacinado. O produtor que atrasou a comunicação junto ao Indea, fica impossibilitado de emitir a Guia de Trânsito Animal (GTA) por um período mínimo de 30 dias.
Vigilância Sanitária
A cada etapa de vacinação o Indea tem aumentado o número de abrangência de fiscalização em Mato Grosso, não apenas na região de fronteira com a Bolívia. Nesta etapa ficou em 3,2%, índice superior ao recomendado pelo Mapa. Em maio, as equipes do Indea fiscalizaram 3.335 propriedades, com um rebanho de pouco mais de 2 milhões de cabeças.
Dentre os trabalhos realizados pelos servidores, estão a fiscalização da vacinação do rebanho de 1.270 propriedades. Em 1.319, a vacinação foi assistida e em outras 746 propriedades foi realizada com agulha oficial, na ocasião os animais passam por vistoria para verificação da sanidade do rebanho.
O diretor técnico da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Francisco de Sales Manzi, ressaltou o trabalho de fiscalização do Indea. “Os números da fiscalização revelam a preocupação do Indea, do Mapa e dos produtores no fortalecimento da vigilância. Estamos caminhando para a retirada da vacinação, para isso, é fundamental que tenhamos uma vigilância muito forte, principalmente nas regiões consideradas mais vulneráveis, como na fronteira”.