Já está em fase de implantação pelo Instituto Mato-grossense da Carne (Imac) na indústria de um grupo frigorífico, em Tangará da Serra (239 km a médio-norte da capital), o selo de garantia de origem da carne de Mato Grosso. O projeto deve estar operando nos próximos 40 dias, conforme garantiu o presidente do instituto, Guilherme Nolasco, durante evento nesta segunda com pecuaristas da Associação dos Criadores de Nelore de Mato Grosso (ACNMT).
Nolasco explicou que a meta é abranger pelo menos 10 dos 27 frigoríficos em funcionamento no estado até o próximo ano. O selo implantado garante requisitos de rastreabilidade, com avaliação de carcaça, transparência e controle de pesagem disponibilizado ao produtor de forma online e com imagens controladas pelo sistema do Imac. Os cadastros deverão atender toda a legislação sanitária, ambiental e trabalhista brasileira, oferecendo maior segurança ao mercado consumidor.
“Vamos garantir a rastreabilidade de origem dos nossos produtos do ponto de vista da qualidade e segurança sanitária, demonstrando que advêm de produção sustentável socioeconomicamente, ou seja, que eles não têm origem em desmatamento ilegal da floresta, do trabalho análogo à escravidão ou da ocupação de terras indígenas, o que vai agregar ainda mais ao estado que já possui o maior rebanho bovino do país”.
Com o selo, Mato Grosso vai alcançar a padronização dos projetos industriais, transparência do processo produtivo e ainda trabalhar a marca da carne, que é seu principal produto, junto às redes de supermercados, atacado e também mercado externo. “Os trabalhos estão na fase de finalização do sistema que fará as pesagens por meio das balanças do instituto implantadas nos frigoríficos e a checagem dos requisitos mínimos do padrão Imac”, garante o gestor.
Para o pecuarista Mario Candia, presidente da ACNMT, a palestra sobre o novo selo de origem foi fundamental para incentivar a participação do produtor e também estimular as melhores práticas no campo, garantindo melhor produtividade e rentabilidade. “Nosso objetivo é democratizar informação, porque tudo está evoluindo muito rápido, em todas as áreas, desde genética, nutrição e cadeia da caderna, todas as áreas precisam ser debatidas pelo produtor rural”.
Mato Grosso possui o maior rebanho bovino brasileiros, com aproximadamente 30,3 milhões de animais, dos quais 80% desse total da raça Nelore. Também atingiu recorde de exportações da carne in natura no mês de março, com o embarque de 21,95 mil toneladas, o que gerou receita de US$ 89,5 milhões.
O Imac é uma organização social autônoma criada através de lei e com vinculação à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (Sedec). Por meio do decreto nº 1.260/2017, que regulamenta a Lei nº 10.486/2016, o Governo do Estado destinou recursos para a viabilização da entidade criada há dois anos o que já tem permitido a retomada dos investimentos e o inicio das atividades. Atualmente, apenas Uruguai, Argentina, Nova Zelândia e Austrália possuem instituto semelhante.
Desde abril, a Associação Nelore de Mato Grosso tem trazido inúmeras palestras voltadas à organização da cadeia produtiva da carne, agregando conhecimento a respeito de tecnologia e sustentabilidade ao pecuaristas. Entre os convidados estiveram: o zootecnista e jurado efetivo Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Alexandre El Hage; o gerente executivo do Fundo de Saúde Animal do Estado de Mato Grosso (Fesa-MT), Juliano Ponce; o professor da Unesp Jaboticabal, Flávio Dutra Resende; e do pesquisador da Empaer, Rodrigo Pacheco, que é doutor em Zootecnia pela Unesp Botucatu.