A semana foi agitada para os preços da soja. Os mercado internacional e interno receberam informações que mexeram com o andamento dos negócios, mas o balanço foi bastante positivo, principalmente, na Bolsa de Chicago. As posições mais negociadas acumularam altas de mais de 4%, o que levou as cotações a superarem os US$ 10,40 novamente.
“Sem dúvida, a China foi o que estimulou os preços nesta semana”, diz Ginaldo Sousa, diretor da Labhoro Corretora em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta sexta-feira. Na segunda-feira, o mercado recebeu a notícia de uma trégua entre China e Estados Unidos sobre suas disputas comerciais. Embora ainda faltem detalhes sobre a prévia desse acordo, os traders trataram com otimismo a notícia, já esperando a volta da força da demanda da nação asiática pela soja norte-americana.
Entre esta quinta e sexta-feira, o USDA(Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) já trouxe dois novos anúncios de venda de soja. No segundo, foram 477 mil toneladas da safra nova, sendo 312 mil dos EUA e 165 mil de origens opicionais. Já no primeiro anúncio, foram 264 mil toneladas, porém, para destinos não revelados. As notícias também ajudaram a dar força aos preços.
“A China tem que comprar dos EUA por questões logísticas, de oferta e demanda. O Brasil sozinho não supre a necessidade da China, e com a China voltando ao mercado (dos EUA) já indica seu retorno”, acredita Sousa.
E o executivo diz ainda que segue bastante otimista sobre o andamento dos preços, apostando não só nessa melhora da demanda chinesa pela oleaginosa dos EUA, mas também por não ser este um momento de queda sazonal das cotações. “Durante o plantio não é hora de os preços caírem. Temos sempre o weather market, que é um fator preponderante”, completa.
No entanto, o analista lembra que até este estágio da nova safra dos Estados Unidos as condições de clima são bastante favoráveis para o desenvolvimento das lavouras e há um potencial considerável sendo esperado para essa temporada.
As previsões um pouco mais alongadas, porém, chamam a atenção pela possibilidade de um aumento de temperaturas nos próximos dias, como explica a AgResource Mercosul (ARC).
“Nos Estados Unidos, uma tempestade tropical, nomeada Alberto, é projetada para se formar e se direcionar sentido o Golfo norte-americano, neste próximo fim de semana. Tal evento deverá causar um aquecimento das regiões não-afetadas com a tempestade, principalmente as Planícies e o oeste do Cinturão Agrícola. Temperaturas médias são esperadas entre 32-38 °C, para tais regiões”, diz o reporte da consultoria internacional.
A semana para o mercado brasileiro da soja, em linhas gerais, foi negativa, com altas apenas pontuais. Não só uma queda acumulada de 1,91% pelo dólar frente ao real – e fechando em R$ 3,66 -, mas o recuo dos prêmios nos portos brasileiros ajudou a pesar sobre os indicativos. A greve dos caminhoneiros limitou a oferta de soja nos portos e os prêmios refletiram imediatamente.
Valores que chegaram a se aproximar de 200 cents de dólar há alguns meses variam de 55 a 110 cents sobre os preços praticados em Chicago no porto de Paranaguá, com as referências mais baixas sendo registradas nas posições mais próximas.
Ainda como explicou Ginaldo Sousa, há navios ao largo, atracados e uma outra enorme quantidade que está a caminho e os portos estão quase sem soja. “São Francisco tem soja para mais dois dias só e as embarcações com lineup programado para terça-feira já não tem mais chance de embarque. E para recompor estes volumes (do produto nos portos) leva tempo”, diz.
A pressão sobre os prêmios, porém, já vem sendo registrada há algumas semanas, como explicou o consultor em agronegócio Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios, com os maiores volumes, para este momento do ano comercial, já tendo sido adquiridos. A análise explica ainda porque as posições mais distantes – como agosto e setembro – têm valores acima de 100 cents.
No terminal de Rio Grande, a soja disponível cedeu 0,58% e a referência para junho/18, 0,57%, com os preços ficando em, respectivamente, em R$ 86,40 e R$ 87,00 por saca. Em Paranaguá, os valores também foram de R$ 87,00 tanto no disponível, quanto para março do ano que vem, e variações de 1,16% somente no disponível.
No interior do país, as cotações cederam de forma mais intensa nas praças de comercialização do Paraná, segundo um levantamento feito pelo economista do Notícias Agrícolas André Bitencourt Lopes. As baixas variaram entre 0,65% e 1,32%. As cotações ainda variam, porém, de R$ 75 a R$ 86,50 por saca.
Nos demais estados produtores, os preços ainda se mantêm acima dos R$ 70, mas sem uma direção bem definida para as cotações. Foram observadas altas de até 4,89%, como no Oeste da Bahia, com a saca fechando a semana em R$ 71,67, e baixas de até 0,65%, como foi o caso de Assis, em São Paulo, onde o último preço foi de R$ 76,50.