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Alta do dólar amplia receita mato-grossense com exportações

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A quantidade de soja, milho e algodão exportada no 1º quadrimestre de 2018 equivale a 22,53% de toda a produção prevista para a atual safra em Mato Grosso. Com o término da colheita da soja, aproximação da colheita do milho e valorização cambial, os embarques dos 3 principais produtos agrícolas do Estado são impulsionados. De janeiro a abril foram despachados aos consumidores internacionais 13,748 milhões de toneladas do complexo soja, milho e algodão.

As vendas das commodities agrícolas aconteceram com o dólar cotado num patamar inferior ao atual e geraram receita comercial de US$ 4,705 bilhões para os exportadores mato-grossenses. No fechamento da última semana, a moeda norte-americana atingiu R$ 3,70, com tendência de alta. No início de janeiro, a cotação era R$ 3,25.

Como cerca de 60% da produção de grãos de Mato Grosso é destinada ao mercado externo, restarão cerca de 22,8 milhões de toneladas de grãos a serem retiradas do Estado nos próximos meses, com chances de maximizar os lucros com a atual safra, caso o volume previsto se confirme em 61 milhões (t), conforme estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A produção de oleaginosas, cereais e fibras na safra 2017/2018 se iguala à última temporada. Já as exportações do 1º quadrimestre estão superiores ao do mesmo período de 2017, puxadas pelas vendas externas de algodão e milho, este último remanescente da última safra recorde de 28,867 milhões (t) no Estado.

O comércio internacional dos 3 principais produtos agrícolas de Mato Grosso garantiu este ano, até abril, acréscimo de 8% no saldo comercial e elevação de 18% no volume de vendas em relação ao mesmo período do ano passado. Em 2017, de janeiro a abril, foram exportadas 11,650 milhões (t) de soja em grão e derivados, milho e algodão pelo montante total de US$ 4,356 bilhões, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).

Carro-chefe da exportação mato-grossense, a soja teve pequena queda nas vendas em comparação com o último. Apesar da influência direta da oleaginosa no resultado das exportações, o total negociado no 1º quadrimestre com os 3 principais produtos agrícolas do Estado permanece superior ao de 2017 devido a intensificação das vendas de milho e algodão. Os embarques da oleaginosa totalizaram 9,844 milhões (t) de janeiro a abril de 2018, ante 10,067 milhões (t) no mesmo período do ano passado, redução de 2,21%.

Para os próximos meses, a tendência é reverter essa queda e intensificar as vendas da soja e derivados, devido ao embate comercial entre Estados Unidos e China, além da redução de safra na Argentina, avaliam os analistas do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) no penúltimo boletim semanal da soja.

Projeção idêntica é traçada pelo economista e engenheiro agrônomo Alexandre Mendonça de Barros. Para ele, a perspectiva da economia e dos mercados agrícolas em 2018 é otimista e poderá seguir firme no Brasil. “A economia voltou a crescer. Passamos por uma recessão muito profunda, com 2 anos de queda do PIB (Produto Interno Bruto), perdemos 10% da nossa renda per capita. Porém, o PIB está retomando a alta, deve apresentar crescimento entre 2,5 e 3%, a inflação está baixando e os juros estão em queda”.

O economista considera que o aumento de impostos por parte da China contra os Estados Unidos poderá beneficiar a produção de grãos brasileira, estimada em 232,6 milhões (t). Tamanha oferta pode suprir parte da demanda mundial por alimentos, completa Barros. Além da soja, outro destaque das lavouras mato-grossenses é o milho, opção de 2ª safra no Estado. Para a atual temporada a produção total do cereal está estimada pela Conab em 26,704 milhões (t), 7,5% ou 2,163 milhões (t) a menos que a quantidade colhida no último ciclo.

Presidente da Associação de Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Antônio Galvan reforça o palpite de um rendimento ainda menor das lavouras de milho do Estado, devido ao atraso no plantio da cultura e estiagem antecipada em comparação com o ano passado. “Em algumas regiões, não chove há 40 dias. Em Primavera do Leste tem lavoura que não será colhida, porque o plantio tardou muito”.

Segundo a consultoria organizadora do Rally da Safra 2018, as lavouras de milho do médio-norte e oeste mato-grossenses estão em ótimas condições. Apenas no sudeste e leste o clima tem sido irregular. A estimativa preliminar do Rally para Mato Grosso, principal produtor de milho no país, é de uma produção de 26,9 milhões (t), com queda de 9% em relação à safra passada.

Enquanto o milho novo não chega às mãos dos exportadores, seguem os embarques do cereal armazenado desde a safra passada. De janeiro a abril foram destinados ao mercado externo 3,737 milhões (t) do cereal por US$ 584,319 milhões. Comparado com igual intervalo do ano passado, quando foram embarcadas 1,476 milhão (t) pela cifra total de US$ 247,287 milhões, as exportações do grão deram um salto de 153% em volume e 136% em receita.

Outro produto mato-grossense que registra mais procura pelos consumidores internacionais é o algodão. As vendas externas aumentaram em 55,66% de janeiro a abril ao totalizar 166,608 mil (t), contra 107,029 mil (t) durante igual intervalo de 2017. Em negócios, os exportadores faturaram US$ 275,552 milhões, 63,87% a mais que os US$ 168,148 milhões no 1º quadrimestre de 2017. Para a safra atual é esperado aumento de 26,1% na produção de algodão em caroço, que poderá alcançar 3,189 milhões de toneladas, ante 2,528 milhões (t) na safra anterior, aponta a Conab.

“O produtor de Mato Grosso faz a troca antecipada da produção por insumos. Independentemente do dólar futuro, neste tipo de negociação, conhecida como operação de Barter, será definido quantas sacas de soja terão que ser entregues como forma de pagamento ao financiador”, observa o economista Luiz Felipe Pelluzi. Em geral, esse pré-custeio da safra é assegurado por grandes companhias (trading) interessadas nos produtos agropecuários. “Essas empresas ganham com a venda do produto e com o financiamento da safra”. Segundo ele, essas empresas serão as principais beneficiadas com a elevação do dólar em relação a moeda brasileira.

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