A quinta-feira fechou com preços em campo misto no mercado brasileiro. A nova alta do dólar – que fechou o dia com R$ 3,70 – acabou perdendo força frente a uma nova rodada de baixas entre as cotações na Bolsa de Chicago. Ainda assim, seguem mantidos os bons patamares para a oleginosa nacional, com algumas praças no interior do país superando os R$ 84 por saca.
Nos portos, segue o intervalo dos R$ 84 aos R$ 86. Em Paranaguá, o produto disponível subiu 1,18% para terminar o dia em R$ 86, ao passo em que a referência cedeu 0,35% em Rio Grande para concluir os negócios com R$ 85,50. Em Santos, o último preço foi de R$ 84,20.
“Se não tivessemos um dólar tão elevado, com esse movimento de alta das últimas duas semanas, teríamos preços mais baixos sem dúvida. Saímos dos preços do momento da explosão dos prêmios nos portos no início de abril – na casa de R$ 87 a R$ 88 com Chicago a US$ 10,50. Agora, com Chicago a US$ 10,00 e temos R$ 85,00, isso é sem dúvida que o dólar elevado segura os preços no mercado interno, até porque é momento de entrada de safra”, explica o analista de mercado Luiz Fernando Gutierrez, da Safras & Mercado.
E o momento ainda é, portanto, oportuno para os produtores brasileiros que precisem dar continuidade à sua comercialização. Os indicativos são atípicos para o atual período do ano comercial e, por isso, são convidativos para novos negócios já que seguem remunerando bem em quase todas as principais regiões produtoras do país.
Nesta quinta-feira, a moeda norte-americana fechou o pregão frente ao real com sua quinta alta consecutiva e valendo R$ 3,7012, subindo 0,62%. Nestas últimas cinco sessões, a valorização acumulada é de 4,39%, segundo informa a agência de notícias Reuters.
O dólar iniciou o dia em baixa, porém, reagiu com a alta diante da manutenção da taxa Selic em 6,5% pelo Banco Central, além de seguir acompanhando as notícias que chegam dos Estados Unidos. A divisa subiu, afinal, não só frente ao real, mas diante de uma cesta de moedas internacionais.
“A decisão do BC foi acertada, mas o dólar está com a dinâmica das moedas lá fora”, comentou o analista econômico da gestora Rio Gestão, Bernard Gonin à Reuters.
Na Bolsa de Chicago, os futuros da oleaginosa terminaram o dia com perdas de pouco mais de 4 pontos entre os principais vencimentos e com as duas primeiras posições abaixo dos US$ 10 por bushel. O julho/18 fechou a sessão com US$ 9,95 e o agosto/18 com US$ 9,98 nesta quinta-feira.
Além dos fatores já conhecidos – a falta de acordo entre Estados Unidos e China e as boas condições de clima para o avanço do plantio da safra 2018/19 no Corn Belt – os números fracos das vendas semanais para exportação dos EUA também pressionaram as cotações.
“O volume de operações foi mediano, remetendo a volatilidade reduzida frente à falta de qualquer novidade de impacto para a vigente negociação comercial entre os EUA e China, que acontece em Washington. A especulação se preocupa com a falta de qualquer progresso sobre este tema”, informa o boletim diário da AgResource Mercosul (ARC).
De acordo com o boletim do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), os EUA venderam, na semana encerrada em 10 de maio, 281,9 mil toneladas da oleaginosa da safra 2017/18, enquanto as expectativas variavam de 300 mil a 600 mil toneladas. O principal destino dessa soja foi a Holanda, e a China, mais uma vez, ficou de fora do relatório.
No acumulado da temporada, o total acumulado chega a 55.406,5 milhões de toneladas, contra pouco mais de 57,3 milhões do ano passado. O USDA estima que as vendas totais cheguem a 56,52 milhões de toneladas. O ano comercial termina em 31 de agosto.
Da safra 2018/19, as vendas semanais americanas somaram 224,7 mil toneladas, contra projeções de 100 mil a 400 mil toneladas. Nesse caso, os maiores compradores foram os paquistaneses. Para a nova temporada, a projeção do USDA é de que as exportações dos EUA superem as 62 milhões de toneladas.