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Pecuarista mato-grossense pode agregar maior valor ao produto

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Técnicas mais modernas e ambientalmente corretas, melhoria genética e estrutura de qualidade. A partir desse pilar, os pecuaristas de Mato Grosso podem agregar maior rentabilidade e valor ao rebanho. Esta é a avaliação do professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) Jaboticabal, Flávio Dutra Resende, pesquisador doutor na área de zootecnia. Ele também aposta na criação de um selo de origem e de qualidade para criar um nicho de mercado para a carne produzida no Estado.

Resende explica que o produtor, em algum momento, vai ter que tomar a decisão de descarte do rebanho, seja o novilho ou a vaca. Normalmente isso é feito sem agregar valor à carcaça, um equívoco do ponto de vista comercial. “Aquela vaca que chegou ao fim da estação de monta sem diagnóstico de gestação, ao invés de ser vendida a um preço baixo ao frigorífico, pode ser melhor trabalhada para ter uma carne diferenciada e ser comercializada para nichos específicos no mercado regional ou nacional”.

Para o professor, é preciso fazer como países europeus, onde se fomenta um marketing dos produtos a partir de um conceito de produção sustentável, de respeito ao meio ambiente e interação com a natureza. “Temos que estimular o consumidor a chegar ao supermercado e pedir “você tem carne de fêmea de Mato Grosso?”. Quanto mais perguntas, melhor o feedback com o frigorífico. Aliás, é importante criar valor emocional ao nosso produto”.

A proposta agrada o presidente do Instituto Mato-grossense da Carne (Imac), Guilherme Nolasco, que frisa a importância de este “selo” abranger muito mais que padrões de carcaça, terminação de gordura, idade dos animais a serem abatidos, qualidade, acabamento e maciez da carne. “Vamos confrontar também as questões socioambientais e trabalhistas da propriedade e do proprietário, incluindo cadastro do Indea, da defesa sanitária, lista de trabalho escravo, não ocupação de terras indígenas. A proposta é incluir e não excluir, estimulando os produtores a obterem a garantia de procedência do seu produto”.

O pecuarista e membro titular do conselho administrativo da Associação Nelore de Mato Grosso, José João Bernardes, acredita que este tipo de atividade junto aos produtores de cria e recria e engorda é fundamental para fomentar boas ideias. “Nossa atividade é mais do que paixão, a nelore representa hoje 80% do rebanho nacional e a maior parte do rebanho de Mato Grosso, esse tipo de esclarecimento nos ajuda a tirar o máximo do próprio negócio, compatibilizando a estrutura que se dispõe com melhores técnicas e genética”.

Promovida pela Associação dos Criadores de Nelores de Mato Grosso (ACNMT), na última segunda-feira (23) no Parque de Exposição Jonas Pinheiro, a reunião atraiu associados e não associados para discutir a projeção dos negócios. Também participaram da rodada de discussão Francisco Camacho, diretor proprietário da ALFPEC Pecuária Profissional, instituição que atua há 18 anos na cria, recria e engorda de bovinos, com operações nos estados de Mato Grosso, Bahia e São Paulo. E ainda o supervisor regional da Agroceres, o zootecnista e consultor Eduardo Catuta.

Mato Grosso possui o maior rebanho bovino do país, com aproximadamente 30,3 milhões de animais, dos quais 80% desse total da raça nelore. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (United States Department of Agriculture – USDA) apontam o Brasil como o detentor do 2º maior efetivo de bovinos do mundo, sendo responsável por 22,2% do rebanho mundial, atrás apenas da Índia.

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