O mercado brasileiro de soja acumula mais uma semana de preços forte e, com isso, a sequência de uma retomada no ritmo dos negócios no país. Como explicou o analista de mercado da Safras & Mercado, Luiz Fernando Gutierrez, nesta sexta-feira (13), nos melhores momentos, a valorização da saca de soja em pontos do país chegou aos R$ 10 e, com isso, chamou os produtores de volta à comercialização.
Nas praças pesquisadas pelo economista André Bitencourt Lopes, os ganhos acumulados nos últimos sete dias variaram entre 0,54% – como em Alto Garças, Mato Grosso, a 9,09% – que foi o caso de São Gabriel do Oeste, em Mato Grosso do Sul. Dessa forma, as cotações ficaram em, respectivamente, em R$ 75 e R$ 72,00 por saca.
No interior do Paraná, as referências – principalmente, em função de uma menor oferta e de vantagens logísticas – chegam a oscilar entre os R$ 85 e R$ 86 por saca. “O mercado brasileiro está em um momento muito favorável para o produtor, tanto nos portos, quanto internamente. Desde 2016 não vimos preços tão bons e para essa época do ano preços elevados é algo bem atípico”, diz Gutierrez, juntando o bom momento do dólar, dos prêmios e mais os patamares na casa dos US$ 10,50 que têm sido observados na Bolsa de Chicago.
Nos últimos dias, após a sinalização da taxação da China sobre a soja americana, os prêmios explodiram nos portos do Brasil, se aproximando de 200 pontos positivos – ou US$ 2 sobre as cotações de Chicago – fazendo com que as referências internamente subissem muito fortemente.
“E nos dias seguintes a essa explosão dos prêmios, o produtor apareceu no mercado, o que fez com que o mercado ficasse bem movimentado. Vimos grandes volumes sendo negociados, o que indica que o produtor aproveitou esse bons momentos, fazendo com que a comercialização, que estava mais ‘atrasada’, se aproximasse de uma média normal para essa época do ano”, explica o analista.
Da safra 2017/18, já há pouco mais de 52% comercializados, contra uma média de 55% para esse período nos últimos anos. E tanto para as exportações – que já carregam números recordes – quanto pelas indústrias nacionais, a demanda pela soja brasileira ainda é muito intensa.
Bolsa de Chicago
Na Bolsa de Chicago, apesar das baixas registradas nesta sexta-feira em função de uma realização de lucros, o saldo também foi positivo. Os futuros da oleaginosa acumularam uma alta de quase 25 entre os principais contratos.
Os últimos dias foram de volatilidade para o mercado futuro norte-americano, porém, ainda como explica o analista da Safras & Mercado, o patamar dos US$ 10,50 parece ter sido definido com um ponto de equilíbrio para os preços neste momento.
E para os próximos dias, os fatores que irão movimentar os negócios e a formação dos preços em Chicago não deverão ser muito diferentes dos observados nesta última semana.
“Sem dúvida, a guerra comercial entre China e Estados Unidos continua como principal ponto de atenção – ainda não temos uma definição e existe muita especulação – temos também questões envolvendo a demanda pela soja americana, e aos poucos, o mercado começa a olhar o clima nos Estados Unidos e o início do plantio nas próximas semanas e que também já causa especulação”, explica Gutierrez.