Os preços da soja no mercado brasileiro garantiram mais um dia de altas nesta quarta-feira, refletindo um novo dia positivo para as cotações da commodity na Bolsa de Chicago e com uma alta acumulada de quase 2% sobre o real em fevereiro. Os futuros da oleaginosa terminaram o dia com altas entre 5,25 e 7 pontos nas posições mais negociadas – com o maio/18 encerrando o pregão em US$ 10,55 por bushel.
Dessa forma, as cotações no mercado doméstico terminaram os negócios subindo, no interior do país, entre 0,64% e 3,79%, com destaques para praças como Primavera do Leste, onde o indicativo foi a R$ 65 por saca, ou Itiquira, com a última referência em R$ 65,80. No Paraná, as principais praças têm cotações próximas dos R$ 70 ou até mesmo acima disso em alguns casos.
No porto de Paranaguá, os preços subiram quase 2% nesta quarta. A soja disponível ficou em R$ 79,00 por saca e a referência abril/18 foi a R$ 79,50, com altas respectivas de 1,94% e 1,92%. No terminal de Rio Grande, R$ 78 e R$ 78,50 por saca, respectivamente, subindo 1,30% e 0,64%.
A janela é, portanto, de boas oportunidades para o produtor brasileiro. As cotações, afinal, renovam seus melhores momentos do ano e remuneram bem os produtores, como explicam os especialistas.
“Para o produtor rural, mais do que tudo, ano bom é ano que tem lucro. E com a soja a R$ 79 no porto é muito rentável para a cultura. Para aqueles que estão próximos dos portos, com uma logística melhor, vale muito a pena vender”, explica o analista de mercado Marcos Araújo, da Lansing Trade Group. “Mais do que o preço da exportação, chamo a atenção também pelo que as indústrias no Brasil podem pagar para a soja em grão”, completa.
Ainda segundo Araújo, a margem da indústria é bastante positiva neste momento, que gira próxima de US$ 50 por tonelada. “Isso é muito interessante porque a indústria pode pagar pela soja em grão mais caro do que o exportador”, diz.
Além disso, o analista explica ainda que a cultura da soja ainda se mostra mais rentável do que outras culturas como milho e algodão, por exemplo, diante dos custo de produção, considerando cotações e dólar futuros.
Dólar
Nesta quarta-feira, o dólar fechou com leve baixa de 0,22% para ficar em R$ 3,2428. Apesar do recuo nesta sessão, a moeda americana acumulou um avanço de quase 2% em janeiro, registrando sua maior alta acumulada desde outubro último.
De acordo com especialistas ouvidos pela Reuters, as perspectivas de que o Federal Reserve possa vir a aumentar os juros americanos mais rápido do que o previsto traz essa reação do mercado cambial.
“Um aumento dos juros nos Estados Unidos em março está amplamente precificado, mas investidor vai olhar o comunicado para ver como será daí para a frente”, afirmou o diretor de câmbio do Banco Paulista, Tarcísio Rodrigues á agência de notícias.
Bolsa de Chicago
No mercado internacional, as altas foram, mais uma vez, motivadas pelas preocupações com a nova safra argentina, com o farelo liderando os ganhos no complexo, com uma alta acumulada no ano de 24%, ainda segundo Marcos Araújo. O país vizinho do Brasil, afinal, é o maior produtor e exportador do derivado e pode deixar um gap de oferta no mercado diante de suas perdas na temporada 2017/18 em função da seca.
Com projeções iniciais na casa de 57 milhões de toneladas, as expectativas para a nova safra da Argentina são de menos de 50 milhões e podem sofrer novas correções para baixo uma vez que as adversidades climáticas continuem a castigar as lavouras por lá.