Os preços da soja negociados na Bolsa de Chicago registraram variações ainda limitadas nos últimos dias, porém, o saldo foi positivo no balanço semanal e as principais posições subiram quase 1%. O vencimento março/18, que é o mais negociado nesse momento, foi a US$ 9,70, enquanto a referência para a safra brasileira – que é o maio/18 – ficou em US$ 9,81 por bushel. As altas foram de, respectivamente, 0,94% e 0,87%.
Embora fatores do macrocenário e da relação oferta x demanda tenham exercido alguma influência sobre as cotações nesta semana, o foco do mercado permanece sobre as condições de clima na América do Sul, principalmente a divergência entre os mapas climáticos.
“Os modelos climáticos continuam divergindo com relação às previsões para o Brasil; Argentina e Paraguai, ora colocando mais chuvas, ora retirando as mesmas, e isso diminui (e muito!) o grau de confiança e assertividade dos mapas”, diz o boletim da Labhoro Corretora desta sexta-feira.
A empresa destacou ainda a atualização de uma empresa americana sobre suas projeções para o La Niña deste ano mostrando que o fenômeno estaria “com força total” e poderia durar até junho deste ano. A informação chegou ao mercado e contribuiu com esses pequenos ganhos registrados durante estes últimos pregões.
A confirmação dessas previsões e o impacto efetivo sobre as lavouras norte-americanas, causando danos severos e podendo mudar o cenário da oferta sul-americana, ainda de acordo com a Labhoro, poderiam mudar a direção das cotações na CBOT. “Caso estas projeções climáticas do momento se confirmem, as projeções e os preços da soja em CBOT irão mudar e subirão”, diz a corretora.
O peso da demanda também tem sido acompanhado de perto pelo mercado internacional, uma vez a relação oferta x demanda está mais ajustada, em função de um consumo que se desenvolve de forma intensa e com os rendimentos dos países produtores da América do Sul ainda indefinidos e sob o efeito das condições climáticas no Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.
“O suporte dos preços vem essencialmente do clima, mas não deixa também de ter o impulso adicional da demanda. Se pegarmos o Sudeste Asiático, Japão, Coreia do Sul, União Europeia e, principalmente, a China, as perspectivas são de um ritmo maior de embarques porque o preço está muito mais competitivo”, diz o analista de mercado Aedson Pereira, da consultoria Informa Economics.
Será necessário acompanhar também, segundo explicam analistas e consultores, qual será o peso – apesar do consumo intenso no mundo – de um ritmo mais lento das vendas norte-americanas nesse momento. “O ritmo está bastante lento, e agora os EUA entram em uma tendência de baixar ainda mais, uma vez que o Brasil vai ter soja disponível em poucas semanas”, explica Matheus Pereira, analista de mercado da AgResource Mercosul (ARC).
Segundo os últimos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) em um boletim reportado nesta sexta-feira, com a atualização das vendas americanas para exportação, o total já comprometido pelo país é de 41.065,7 milhões de toneladas em toda a temporada, contra mais de 47,9 milhões há um ano. O USDA estima as exportações totais em 60,56 milhões de toneladas.
No Brasil, os negócios fluem em um ritmo também mais lento nesse início de ano, porém, só para retomar sua força e com os produtores esperando por melhores oportunidades de preços para voltar às vendas, ainda de acordo com analistas e consultores. As principais referências ainda não exibem indicativos muito consolidados, até porque ficaram sob a influência de uma baixa intensa do dólar neste início de ano e das oscilações tímidas na Bolsa de Chicago.
Dessa forma, nesta sexta-feira e para encerrar a semana, os preços no mercado nacional terminaram o dia com estabilidade na maior parte das praças de comercialização pesquisadas.