Informações contidas na sindicância administrativa da Federação do Comércio de Mato Grosso (Fecomércio) identificaram diversas movimentações financeiras que podem ter sido omitidas na delação premiada do ex-secretário de Estado e ex-presidente da entidade, Pedro Nadaf. Caso seja comprovado a omissão, ele poderá ter seu acordo revisto pelo Ministério Público Federal (MPF). As informações da investigação interna, como vários cheques, comprovantes de depósitos e depoimento de diversos servidores, foram encaminhados ao MPF e à Polícia Federal. De acordo com a sindicância, alguns servidores da Fecomércio foram envolvidos direta e indiretamente no recebimento de propina e lavagem de dinheiro que era oriundo do esquema de concessão do Programa de Desenvolvimento Industrial e Comercial de Mato Grosso (Prodeic).
Vários cheques localizados vinham do delator da Operação Sodoma, João Batista Rosa, e eram “repassados para funcionários, que os transformavam em dinheiro vivo, com retirada diretamente na ‘boca do caixa’ ou em depósito em suas próprias contas”, diz trecho do documento.
O uso da Fecomércio já tinha sido apontado pelo Ministério Público, relatando que a instituição continuou sendo usada após término da gestão Silval Barbosa. “Necessário reconhecer que, ao deixar a administração pública, a organização criminosa transferiu o seu ‘balcão de negócios’ da sede do governo estadual para a sede da Fecomércio”, diz trecho da acusação.
Outra prova do “uso criminoso do espaço físico da Fecomércio” é o fato de a diretora financeira da federação, Karla Cintra, ser considerada o “braço direito” de Nadaf e, em tese, ter colaborado para a lavagem do dinheiro.
Pedro Nadaf já foi condenado e responde a cinco ações penais por envolvimento nos esquemas de corrupção desbaratados por meio das cinco fases da Operação Sodoma e também pela Operação Seven.
Ao todo, a Sodoma conta com 12 delatores. O empresário João Batista Rosa foi o primeiro deles. Suas declarações nortearam a deflagração da Operação e culminaram na prisão do ex-governador Silval Barbosa.
A reportagem tentou contato com a defesa do ex-secretário, mas não obteve retorno.