O ex-secretário estadual de Indústria e Comércio no governo Silval, Alan Zanata, depôs, hoje, na CPI do Paletó, na Câmara de Cuiabá. Ele foi o pivô de uma suposta tentativa de obstrução de justiça cometida pelo prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) ao gravar uma conversa com o ex-chefe de gabinete do ex-governador, Sílvio César Corrêa Araújo, que entregou maços de dinheiro para Emanuel e outros que exerciam mandato de deputado, em troca de apoio político ao governo. Na conversa, Zanatta fazia perguntas sobre o contexto de outra gravação, aquela em que Emanuel foi flagrado recebendo maços de dinheiro das mãos de Silvio, no Palácio Paiaguás, em 2012, época em que ainda era deputado estadual. Questionado na CPI se a conversa seria usada pelo prefeito em sua defesa, Zanatta negou.
O áudio da conversa entre Zanatta e Sílvio foi encontrado pela Polícia Federal, na casa do prefeito, durante a operação Malebolge, deflagrada em setembro do ano passado. O arquivo também foi usado pela defesa de Pinheiro para tentar anular a delação premiaa de Silval junto ao Ministério Público Federal (MPF).
No depoimento aos vereadores que apuram suposta quebra de decoro de Emanuel Pinheiro, Zanata disse que a conversa com Sílvio foi "muito tranquila" e que em determinado momento, após falar de vários políticos, Sílvio tocou no nome de Emanuel. Segundo ele, passou a gravação intacta para o prefeito após perceber que o que era divulgado sobre Emanuel "não batia" com o que havia conversado com o ex-chefe de gabinete. Questionado se acha que Sílvio mentiu em algum momento, Alan Zanatta disse que não tem esse entendimento e negou que tenha tentado induzir Sílvio a falar algo que beneficiasse Emanuel.
O ex-secretário lançou um desafio a CPI para fazer uma acareação entre os dois, acrescentando que está falando a verdade. Zanatta afirmou que recebeu pedido de ajuda financeira de Sílvio e que ajudou com R$ 6 mil cerca de 3 dias depois da conversa. Segundo ele, o dinheiro foi entregue pelo “Coxinha” ao Sílvio, sendo que Coxinha ficou com cerca de R$ 400.
Silvio foi o primeiro a depor, no último dia 16, e reafirmou que os ex-deputados e deputados que apareceram em vídeos embolsando dinheiro recebiam propina para não investigar o governo Silval.