O apresentador da TV Record de Alta Floresta, Oliveira Dias, disse, em entrevista, ao Só Notícias, que o comandante interino do 8º batalhão da Polícia Militar de Alta Floresta, major Costa Castro invadiu a emissora e o estúdio do programa jornalístico que estava ao vivo, na última segunda-feira. De acordo com o jornalista, o policial estava exaltado, fez ameaças, forçou a entrada e chegou a empurrar uma funcionária que tentava impedir o acesso dele.
“Eu estava na apresentação do programa Olho Vivo, que vai ao ar às 12h. A secretária abriu a porta do estúdio já acompanhada do comandante. Durante o programa nos bastidores, ele se desestabilizou bastante e queria participar ao vivo. Queria exercer um direito de resposta sobre uma ocorrência que ocorreu no domingo envolvendo a equipe de reportagem. Não permiti, porque ele não teve o nome citado, não tínhamos falado sobre o tema e nem iríamos abordar. Não falamos nada sobre ocorrido. Porém, já tínhamos uma reunião agendada para resolver o problema internamente. Houve um princípio de discussão e só após o término do programa é que tivemos conhecimento da agressão com a funcionária. Ele pegou no braço dela e a empurrou para invadir o estúdio. Outras pessoas que estavam na emissora também presenciaram esse fato. De imediato, acionamos a assessoria jurídica da emissora e vamos ingressar com uma representação”, disse.
Oliveira explicou que o desentendimento com o comandante iniciou após a equipe de reportagem acompanhar uma ocorrência policial no bairro Boa Nova. “Estávamos seguindo para fazer a cobertura de um leilão beneficente. No trajeto avistamos em via pública, no bairro Boa Nova duas viaturas policiais em frente a uma casa. Parte dos policiais estavam no imóvel e os outros na rua. Encostamos nosso carro e iniciamos a produção da matéria. Neste momento, fomos tratados com rispidez por um tenente que estava no comando da operação. Ele reclamou da presença da equipe. No entendimento dele, nós não poderíamos estar no local e tínhamos que aguardar a chegada deles na central de operações. Apenas dissemos que tínhamos garantias de liberdade de imprensa e ficou por isso. Eles continuaram fazendo as buscas por uma arma no imóvel e, pouco tempo depois, resolveram encaminhar os detidos, fecharam a casa e acabaram com a ocorrência. Para nossa surpresa, no dia seguinte tinha um boletim de ocorrência apontando que houve constrangimento aos três detidos pela nossa equipe. Os papéis se inverteram e durante um programa de rádio que apresento lemos esse boletim. Depois disso, o comandante Costa Castro começou a enviar mensagens no WhatsApp com tom intimidador ao nosso trabalho”.
Outro lado
O comandante Costa Castro negou as agressões e a invasão na empresa. “Não é de hoje que ocorre essas transgressões com a polícia por parte desse repórter. Sempre colaboramos com a imprensa local. Essa não é a primeira vez que ele aparece no local da ocorrência. Sei que é um direito da imprensa, mas isso atrapalhar e as vezes não conseguimos chegar no resultado que precisamos. Nesta ocasião havia buscas por uma arma de fogo a ser apreendida. O repórter chegou no local. O tenente pediu para desligar o equipamento que no quartel passaria todas as informações necessárias. Porém, ele revidou e disse que não iria desligar nada e mandou ao cinegrafista continuar filmando. O tenente encerrou a ocorrência, não recuperou a arma. No quartel, os presos resolveram registrar um boletim contra o repórter por danos morais e os policiais foram testemunhas. Ainda tentei ligar para ele resolver a situação, mas ele não me atendeu.
O comandante apontou que foi até a emissora para conversar com o apresentador. “Cheguei no local e fui impedido de entrar. A secretária disse que ele estava ao vivo, mesmo assim entrei e fiquei acompanhado a exibição de uma matéria. Ele terminou a matéria, não interferi no programa e tive a mesma conversa que tivemos por aplicativo. Explique que as pessoas que estão sendo filmadas tem os direitos delas. Toda vez que ocorre a interferência, todos saem perdendo. Deixamos de prender um criminoso em flagrante. Agora, ele prefere estar no local atrapalhando a ação policial. Não houve qualquer tipo de invasão da emissora e não ocorreu agressão. Tirei ela da minha frente para poder passar. Além disso, não influenciei no programa”.
(Atualizada às 9h59)