Os alimentos voltaram a ficar mais baratos em fevereiro, compensando parte do impacto do reajuste das mensalidades escolares no orçamento das famílias. A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,32%, o resultado mais baixo para o mês em quase duas décadas, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A taxa acumulada em 12 meses voltou a arrefecer, alcançando 2,84%, menor resultado para o mês e ainda mais baixo que o piso de 3% da meta de inflação perseguida pelo Banco Central. Diante dos dados da inflação de fevereiro, economistas apressaram-se em reduzir as previsões para o IPCA deste ano. O BBM reviu sua projeção de 3,6% para 3,5% para a inflação fechada de 2018. O Departamento Econômico do Banco Bradesco cortou sua estimativa de 3,9% para 3,5%, enquanto o banco UBS Brasil reduziu de 3,7% para 3,6%.
A confirmação do cenário inflacionário benigno fortaleceu a expectativa de economistas por mais um corte na taxa básica de juros na reunião deste mês do Comitê de Política Monetária e ampliou a percepção de que o ciclo de redução pode ser estendido. O analista Tiago Souza, coordenador de pesquisa do Banco BBM, acredita ser “bem provável” um corte de 0,25 ponto percentual na Selic este mês, para 6,5% ao ano. “Acredito que já está dado”, disse ele, acrescentando que o Banco Central (BC) pode deixar ainda a porta aberta para um eventual novo recuo na taxa básica de juros na reunião de maio.
Na avaliação de Fernando Gonçalves, gerente na Coordenação de Índices de Preços do IBGE, as taxas de inflação em patamares baixos ainda refletem as quedas nos preços dos alimentos. Em fevereiro, os gastos com alimentação e bebidas recuaram 0,33%, ajudando a conter a inflação em 0,08 ponto percentual. As famílias pagaram menos pelas carnes, frutas, alho, cenoura, batata-inglesa, açúcar e tomate, entre outros itens importantes da cesta básica. Nos 12 meses encerrados em fevereiro, os alimentos consumidos em casa acumularam queda de preços de 3,81%