Foi libertado na noite deste sábado o auxiliar técnico da Rede Globo levado por criminosos de uma padaria na avenida Luis Carlos Berrini (zona sul de São Paulo), nas proximidades da sede da emissora, no começo da manhã. O repórter Guilherme de Azevedo Portanova continua desaparecido.
Não há informações sobre o estado de saúde do técnico. Ele chegou no final da noite deste sábado à sede da TV.
A Folha apurou que a principal linha de investigação da polícia é de que a organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) é a responsável pelo crime. Moradores da cidade de São Paulo podem fazer denúncias por meio do telefone 181.
Reprodução de TV
Retratos falados de suspeitos de seqüestrar repórter e técnico da Globo, em São Paulo
O anúncio da libertação do técnico ocorre horas após a divulgação, feita pela própria Globo, dos retratos falados dos suspeitos de envolvimento no caso.
O repórter e o auxiliar técnico haviam passado na padaria cerca de uma hora após chegar à emissora.
Eles deixavam o local rumo a uma caminhonete da Globo quando, segundo testemunhas ouvidas pela Folha, foram abordados por dois homens armados que também estavam no estabelecimento. Um dos homens os fez entrar em um Vectra escuro; o outro entrou em um Gol vermelho.
Dois motoristas de um hotel próximo ao local chegavam à padaria no momento da ação e foram rendidos. Antes de fugir, um dos criminosos entrou no carro da Globo e mexeu nos equipamentos de televisão que lá estavam, mas nada levou.
Os motoristas relataram que outro homem em uma moto também participou da ação. “Tudo foi muito rápido, no máximo um minuto e meio. Pareceu planejado”, disse um deles.
O Vectra foi encontrado por volta das 8h15 na avenida Portugal, no Brooklin (zona sul de São Paulo). Ele havia sido roubado no último dia 10. Segundo testemunhas ouvidas pela polícia, os criminosos tiraram os funcionários da Globo do veículo e, com eles, entraram no Gol vermelho. Em seguida, o homem que estava na moto ateou fogo no Vectra e fugiu.
Investigação
O delegado Dejair Rodrigues, do 96º DP, que investiga o caso, diz que de quatro a cinco pessoas devem estar envolvidas na ação. “Estou há 31 anos na polícia, e é primeira vez que vejo isso, seqüestrar um repórter desse jeito.” Rodrigues disse não descartar nenhuma hipótese.
Questionado se o PCC poderia estar por trás da ação, o delegado ficou em silêncio. Segundos depois, disse: “Não estou dizendo que é o PCC”. Outras autoridades disseram à Folha que a facção está envolvida. Ainda segundo o delegado, ainda não foi feito nenhum contato pelos seqüestradores. A Polícia Federal auxilia na investigação.
O repórter Portanova cobre principalmente assuntos ligados à segurança pública na Globo.
Em comunicados à imprensa, a Globo relatou o desaparecimento dos funcionários. Após ser informada do seqüestro, a emissora passou a escoltar com seguranças as suas equipes de reportagem.
A Folha falou por telefone com a mãe de Portanova, a advogada Maria Elisabeth Lacerda de Azevedo, que autorizou a divulgação do caso. “Vou me inteirar sobre tudo agora. Não tenho cabeça para falar nada, por enquanto”, disse ela, logo após desembarcar em São Paulo, vinda de Porto Alegre (RS).
A família do outro funcionário da Globo não foi localizada –por isso, a Folha não divulga seu nome.