Fiscais da Secretaria de Estado de Estado de Meio Ambiente (Sema), do Ibama, investigadores da Polícia Civil e dois delegados da Delegacia Especializada de Meio Ambiente (Dema, policiais do Batalhão Ambiental e Suad (Superintendência de Ações Descentralizadas) começaram na semana passada uma operação de combate aos crimes ambientais. Eles usam 15 viaturas traçadas, dois helicópteros e armas de fogo na “Operação Picau-Pau”, cujo objetivo é desarticular e prender integrantes de quadrilhas que vêm agindo há mais de cinco anos na região.
Madeireiros clandestinos agem no meio da selva abrindo “Esplanadas” – clareiras no meio da mata -, onde escondem toras de madeiras roubadas e extraídas ilegalmente. Eles também usam carros, principalmente camionetes roubadas nas grandes cidades, e armas pesadas, incluindo fuzis AR-15. A meta da Sema, segundo o delegado Márcio Pieroni, titular da Dema e chefe da expedição, é “cortar o mal pela raiz” com a “Operação Pica-Pau”. A equipe é composta por 100 homens. A operação deve durar mais uma semana.
Para desencadear a “Operação Pica-Pau”, a Sema também levou alguns dias investigando todo o território a partir da cidade de Colniza, onde se concentra o maior índice de irregularidades. Após uma série de levantamentos realizada desde as localizações exatas das áreas a serem atacadas e as pessoas que estão envolvidas, a Sema partiu com as equipes para campo. Os policiais estão na região desde a última terça-feira (04/07).
Nas investigações, segundo o delegado Márcio Pieroni e o major PM Maurozan Cardoso, superintendente da Suad, ficou constatado que as madeiras roubadas e extraídas ilegalmente em terras mato-grossenses eram levadas para os locais conhecidos como “Esplanadas”, onde ficavam escondidas por algum tempo. De lá, as madeiras eram levadas para algumas cidades do Estado de Rondônia, entre elas Machadinho D’Oeste, onde eram legalizadas com Autorização de Transportes de Produtos Florestais (ATPFS) de procedência duvidosa.
Além de Rondônia, as madeiras extraídas nas florestas de Mato Grosso também abastecem principalmente o comércio clandestino e irregular de outros Estados, inclusive o Pará e São Paulo, até chegar a outros países. As investigações da Sema não apenas confirmaram o destino da madeira, mas que as quadrilhas também estão envolvidas em outros crimes, como roubos de carros, seqüestros, tráficos de drogas e armas e homicídios.
A “Operação Pica-pau” tem como meta combater o crime em sua origem. Ou seja, no meio da selva. Na Operação, os delegados contam com uma equipe montada de escrivães e aparelhos com tecnologia de ponta para abrir inquérito e representar por prisões temporárias, preventivas e até pedidos de mandados de busca e apreensão, quantos forem necessários.
Seqüestros
Além da extração ilegal da madeira, retirada de dentro da floresta e arrastada para as “Esplanadas”, as investigações da Sema também descobriram que as quadrilhas invadiam fazendas para sequestrar famílias. Faziam todos como reféns até a retirada de toda a madeira que os empresários, que agiam dentro da legalidade, conseguiam comprar.
“Viemos preparados porque sabemos que vamos enfrentar forças paralelas. Vamos enfrentar verdadeiros guerrilheiros e não podemos falhar, porque esse também é o primeiro passo concreto para acabar de uma vez por todas com as quadrilhas que aterrorizam a população do Norte de Mato Grosso e destróem as nossas florestas”, declarou o delegado Márcio Pieroni.