O empresário José Osmar Borges, 48 anos, dono do Grupo Saint Germany, apontado como um dos maiores fraudadores do Sudam, órgão extinto responsável por financiamento de grandes empreendimentos na região, foi encontrado morto no final da manhã desta segunda-feira, em sua residência de luxo, na cidade de Chapada dos Guimarães. As primeiras informações dão conta de que o empresário teria cometido suicídio, por envenamento. O local foi lacrado até que a Polícia faça a perícia e dê maiores detalhes.
Borges era apontado como sócio do deputado federal Jader Barbalho (PMDB-PA) e envolvido em casos de fraudes que resultaram no desvio de mais de R$ 300 milhões dos cofres da extinta Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) apenas em projetos aprovados no Mato Grosso. O político tinha ligações comprovadas com Borges, acusado por sua vez pelo Ministério Público Federal de ter desviado mais de R$ 130 milhões de incentivos fiscais do Fundo de Investimentos da Amazônia (Finam).
Em 2001, Borges chegou a ser preso pela Polícia Federal. Ele foi preso no município de Jaciara, a 120 quilômetros de Cuiabá. Na ocasião, ao descer do carro da polícia, Borges gritou: “Justiça será feita”. Prometia provar sua inocência. “Vou provar, com papéis, que não houve fraude nenhuma”.
As denúncias contra o empresário são inúmeras. Borges associou-se à mulher de Jáder, Márcia Zaluth Centeno, na fazenda Campo Maior. Borges entrou com R$ 1,7 milhão e Márcia Centeno com R$ 270 mil. Posteriormente, a fazenda Campo Maior foi incorporada pela Agropecuária Rio Branco, a holding de Jáder, por um valor declarado de R$ 600 mil. A Polícia Federal trabalhava com a possibilidade de que a fazenda Campo Maior foi, na realidade, “doada” por Osmar Borges ao deputado.
Borges teve vários projetos incentivados pela Sudam elaborados pelo escritório de contabilidade da contadora Maria Auxiliadora Barra, que por coincidência comprou um imóvel da família Barbalho e foi responsável pela elaboração do projeto do ranário Touro Gigante, de propriedade da mulher de Jáder, Márcia Centeno.
O Ministério Público chegou a investigar a remessa de US$ 120 mil por José Osmar Borges, através de contas CC-5, para uma conta que pertenceria a Jáder Barbalho num paraíso fiscal europeu.
(Atualizada às 17:10hs)