Dois policiais militares foram apresentados pelo Comando da Polícia Militar, na manhã desta sexta-feira, a Polícia Judiciária Civil para serem ouvidos em inquérito policial. Contra eles há mandados de prisão temporária (cinco dias) expedidos pela juíza da 3ª Vara Criminal de Cuiabá, Marcemila Mello Reis. O 3º sargento Cláudio Ferreira da Silva e o soldado Rogério Rodrigues da Silva, do 3º Batalhão da Polícia Militar, são investigados em pelo menos dez crimes de roubos a estabelecimentos comerciais, a residência e roubos conhecidos como “saidinha de banco”. Eles são acusados de dar cobertura na fuga de assaltantes. Um terceiro policial militar está sendo procurado e deverá ser apresentado para ser interrogado no inquérito civil.
Cláudio Ferreira de Souza já vem sendo investigado em Inquérito Policial Militar (IPM) instaurado desde outubro do ano passado quando foi preso por militares do 1º Batalhão. Ele teve novamente a prisão decretada na data de 20 de junho e permanece na Cadeia Pública de Santo Antônio do Leverger (27 km de Cuiabá).
O soldado Rogério Rodrigues da Silva, que atua no 3º Batalhão, preso na manhã de hoje, também irá passar pelo crivo da investigação da Corregedoria da Polícia Militar. Todo procedimento obedece aos direitos previstos pela Constituição Federal de amplo direito a defesa e contraditório.
A Polícia Militar vem a público informar que vem atuando severamente para retirar da Corporação aqueles que descumprirem a premissa de trabalhar para a sociedade assegurando a ordem. No ano de 2008, a Corregedoria da Polícia Militar já excluiu 24 homens que se envolveram com a prática de delitos criminosos fato que ratifica o compromisso de lisura para com a população mato-grossense. Os policiais são acusados de integrarem um esquema para a prática de assaltos a pessoas que deixavam agências bancárias.
No intento de dar celeridade aos procedimentos instaurados pela Corregedoria foi firmado um termo de cooperação junto a Defensoria Pública de Mato Grosso que garante advogados para os policiais investigados que não possuíam condições de contratar um defensor particular prorrogando a finalização dos procedimentos. Paralelamente ao trabalho desenvolvido pela Polícia Judiciária Civil a Agência de Inteligência da Polícia Militar também atua no intento de retirar das ruas os policiais que não atuarem em conformidade às regras da Instituição.
INVESTIGAÇÕES – Desde agosto de 2007 as polícias Militar e Civil investigam a participação dos policiais em crimes. Um dos roubos teria acontecido em uma empresa localizada na Avenida Miguel Sutil no dia 20 de setembro de 2007. Na ocasião dois assaltantes, já presos, entraram no estabelecimento com um “buquet de rosas”, para facilitar a entrada e mediante arma de fogo, roubaram aparelhos de celular e certa quantia de dinheiro, “bem menor do que estavam estimando”, diz em depoimento um dos assaltantes.
O sargento Cláudio Ferreira da Silva junto com o terceiro policial, participaram da ação delituosa dando cobertura na fuga dos ladrões. Segundo o depoimento, os militares aguardavam em um veículo Gol, próximo ao local do assalto. O soldado Rogério Rodrigues da Silva estava encarregado de fazer o “levantamento do local”, reconhecimento da empresa e orientar os comparsas como agir.
As investigações, inicialmente, foram conduzidas pelo Centro Integrado de Segurança e Cidadania (Cisc) do bairro Verdão e depois repassadas a Diretoria de Atividades Especiais (DAE) da Polícia Civil. Os acusados serão interrogados pelo delegado Gerson Vinicius Pereira, que assumiu as investigações.
Segundo Gerson, os dois bandidos, já presos, confessaram os crimes e apontaram a participação de policiais militares, porém as vítimas não vêm colaborando com as investigações, pois temem pela sua segurança. O delegado disse que só poderá se pronunciar ao final das investigações.